PADRE COMPRA CARRO DE LUXO NO ES E DIZ QUE É PARA ‘EXERCÍCIO DA FUNÇÃO’

Padre Pedro Camilo (Foto: Reprodução / TV Gazeta)

VEÍCULO FOI COMPRADO EM NOME DA IGREJA E CUSTOU R$ 86 MIL, DIZ PADRE.
ARCEBISPO DE VITÓRIA FALOU QUE PADRES NÃO FAZEM VOTOS DE POBREZA.

Depois da passagem do Papa Francisco pelo Brasil e do exemplo de simplicidade deixado por ele, a compra de um carro de luxo por um padre de Vila Velha, na Grande Vitória, tem gerado polêmica entre os fiéis locais. De acordo com o sacerdote, o veículo foi comprado em nome da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e custou R$ 86 mil, sendo R$ 29 mil retirados das próprias economias. O padre negou qualquer motivação de ostentação na compra. O arcebispo de Vitória afirmou que os padres podem ter bens e não fazem votos de pobreza, mas são aconselhados a fazer doações. Para o Papa Francisco, os sacerdotes devem dar exemplo de simplicidade.

“Penso que temos que dar testemunho de uma certa simplicidade – eu diria, inclusive, de pobreza. O povo sente seu coração magoado quando nós, as pessoas consagradas, são apegadas a dinheiro”, disse o Santo Padre, em entrevista ao Fantástico, exibida no último domingo (28).

O padre Pedro Camilo assumiu a Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no bairro Praia da Costa, no último mês de janeiro e afirma ter comprado o carro em nome da igreja para o exercício da função. “Tivemos uma boa oportunidade e conseguimos um bom desconto. Mas o carro não vai ser usado só dentro da paróquia, porque eu administro uma casa de retiro em Nova Almeida para dependentes químicos e isso facilita a locomoção. É para servir a igreja”, explicou.

De acordo com o arcebispo de Vitória, Dom Luiz Mancilha, os padres não fazem voto de pobreza e podem, sim, trabalhar e ter bens próprios. A orientação, no entanto, é de que os sacerdotes façam doações.”Precisamos ter cuidado quando falamos de algo que acontece em uma paróquia. Não podemos sair condenando, porque, se houver algo errado, será corrigido. Há muito tempo estamos dialogando e temos que ponderar. Vamos dar tempo ao tempo, em vez de punir e marginalizar”, destacou o arcebispo.

Apesar das críticas, o padre negou qualquer tentativa de ostentação, ressatou o serviço e afirmou ter comprado o veículo antes da declaração do Papa. “Eu morei em Roma e sei como é. O carro não foi para ostentar, foi para serviço, sendo um carro mais alto me facilita. Isso nos livraria, inclusive, de ter mais despesas com frete. É tudo no nível da evangelização, não é pra ostentar”, declarou.

Fonte: Do G1 ES, com informações da TV Gazeta

FELICIANO DIZ QUE CONCORDA COM O PAPA SOBRE GAYS, MAS CHAMA MÍDIA DE DESONESTA POR NÃO DESTACAR QUE “A IGREJA NÃO MUDA O QUE A BÍBLIA DIZ”

A declaração do papa Francisco sobre a necessidade de a Igreja não permitir que homossexuais sejam marginalizados e acolher aqueles que busquem a Deus repercutiu no meio cristão nacional.

O pastor Marco Feliciano (PSC-SP) publicou comentários sobre a fala do pontífice em seu Twitter, dizendo que concorda com as palavras e ressaltando que assim como os evangélicos, a Igreja Católica tolera o pecador, mas não o pecado.

“O que o homem pensa ou diz é de foro íntimo, e não anula o que a Bíblia diz, não importa quem seja ele. A Bíblia é infalível! Gálatas 1:8 – ‘Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro Evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema’. Li todas as reportagens da entrevista com o papa sobre homossexuais. O que ele diz faz sentido, ninguém pode julgar ninguém. Mateus 7:1; Também concordo que as igrejas estejam abertas para receber os gays que procuram Deus, aliás isso sempre foi feito pela igreja evangélica”, pontuou o pastor.

Entretanto, Feliciano classificou a cobertura da imprensa sobre o tema como “desonesta”, pois as palavras do papa teriam sido reproduzidas pela metade nas manchetes dos jornais e sites.

“A imprensa só deveria ser mais honesta e colocar com letras garrafais que ‘entretanto o papa disse que a igreja não muda seus posicionamentos’; ou seja, ela ama o pecador mas não ama o pecado, aceita o homossexual mas não aceita o ato homossexual. A igreja não muda o que a Bíblia diz. Ao fazerem uma matéria com o tema que fizeram, a mídia é desonesta, dá-se a entender que o papa liberou o que a Bíblia proibiu”, protestou.

Feliciano é um dos líderes evangélicos que mais aborda o tema homossexualidade, e tornou-se alvo de protestos de ativistas gays ao ser eleito para a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados.

Assista à declaração do papa durante entrevista coletiva no voo de volta à Roma:

[youtube]http://youtu.be/MK7582oMmgU[/youtube]

Por Tiago Chagas, para o Gospel+

JORNADA CONSUMIU AO MENOS R$ 109 MI EM RECURSOS PÚBLICOS

O gasto público com a Jornada Mundial da Juventude alcançou R$ 109 milhões, de acordo com as informações prestadas até agora pelos governos federal, estadual e municipal.
A União foi a que, até agora, divulgou o maior dispêndio para o evento católico: R$ 57 milhões na segurança da Jornada e do papa Francisco.

As Forças Armadas receberam R$ 27 milhões para alimentação e combustível consumidos durante a Jornada. Os recursos foram usados também na montagem da estrutura em Guaratiba –dois hospitais de campanha e alojamentos–, cujo custo não foi detalhado.

Outros R$ 30 milhões foram repassados para a Secretaria Especial para Grandes Eventos, ligada ao Ministério da Justiça. O dinheiro foi usado em passagens e diárias de policiais e agentes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) deslocados para o Rio.

Os gastos se juntam aos já divulgados pelos governos estadual e municipal do Rio. Os dois relatam gastos R$ 26 milhões cada, mas não detalharam custos.
O governo do Estado afirma que custeou o transporte dos peregrinos e voluntários nos sistemas de trens e metrô.

Além disso, pagou a instalação de bolsões de recepção de ônibus com peregrinos.

Cerca de R$ 850 mil foram gastos com o evento com o papa Francisco no Palácio Guanabara. O Estado também custeou a despedida do papa na Base Aérea do Galeão.

O Estado informou que não tinha balanço atualizado após o fim do evento. Antes da Jornada, o Palácio Guanabara havia informado que o gasto estava dentro do previsto.

A prefeitura afirma que seus R$ 26 milhões foram usados para o pagamento de serviços de logística e planejamento. Parte dos gastos foi feita no entorno do Campus Fidei, em Guaratiba, que não foi usado. Entre eles a urbanização de ruas, limpeza e dragagem do rio Piraquê, vizinho ao local, e construção de passarelas para os peregrinos.

O prefeito Eduardo Paes (PMDB) afirmou que todos os gastos já seriam feitos sem a Jornada, mas que foram acelerados em razão do evento.

Fonte: Folha de São Paulo

JORNADA INJETA R$ 1,8 BILHÃO NO RIO

CRISTINA TARDÁGUILA/ADALBERTO NETO, G1/ RIO
A multidão de fiéis que passou pelo Rio de Janeiro durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) parecia, a princípio, heterogênea e indecifrável. Mas só a princípio. O peregrino que esteve na cidade era, em sua maioria, mulher, nascida em São Paulo, com idade entre 21 e 24 anos e aluna do ensino superior. Além disso, nunca havia estado no Rio. Durante o evento, desembolsou uma média diária de R$ 49,70 — e isso, somado aos gastos dos estrangeiros, resultou em um impacto econômico na cidade 17 vezes maior do que a Copa das Confederações, realizada em junho. Foram estas as conclusões de pesquisa feita por cinco professores e 20 alunos da Faculdade de Turismo da Universidade Federal Fluminense (UFF), em parceria com a Secretaria estadual de Turismo, entre os dias 23 e 25 deste mês, com os peregrinos que circularam por Copacabana e Quinta da Boa Vista. A pesquisa ouviu 1.358 fiéis e conseguiu, além de descobrir o perfil do peregrino, calcular o volume de recursos injetado na cidade.
Fonte: Blog do Zeca

EM DISCURSO A LÍDERES CIVIS, PAPA CITA PROTESTOS E PEDE DIÁLOGO COM O POVO

Fonte: Do G1, no Rio

FRANCISCO COLOCOU COCAR NA CABEÇA APÓS RECEBER ADEREÇO DE LÍDER INDÍGENA.
ANTES, JOVEM DE 28 ANOS FEZ DISCURSO EMOCIONANTE NO THEATRO MUNICIPAL.

O Papa Franscisco pediu neste sábado (27), em encontro com representantes da sociedade civil no Theatro Municipal, no Rio de Janeiro, “diálogo construtivo” para enfrentar o presente. “Entre a indiferença egoísta e o protesto violento, há uma opção sempre possível: o diálogo. O diálogo entre as gerações, o diálogo com o povo, a capacidade de dar e receber, permanecendo abertos à verdade”, afirmou o pontífice (leia a íntegra do discurso no final da reportagem).

Acompanhe em tempo real o dia do Papa.

“Um país cresce, quando dialogam de modo construtivo as suas diversas riquezas culturais: cultura popular, cultura universitária, cultura juvenil, cultura artística e tecnológica, cultura econômica e cultura familiar e cultura da mídia. É impossível imaginar um futuro para a sociedade, sem uma vigorosa contribuição das energias morais numa democracia que evite o risco de ficar fechada na pura lógica da representação dos interesses constituídos”, disse.

“A única maneira para uma pessoa, uma família, uma sociedade crescer, a única maneira para fazer avançar a vida dos povos é a cultura do encontro; uma cultura segundo a qual todos têm algo de bom para dar, e todos podem receber em troca algo de bom”, completou Francisco.

Ao final do discurso, o Papa beijou crianças no palco, cumprimentou diversos representantes presentes no teatro e colocou um cocar na cabeça após receber o adereço de líder indígena. Antes ddle, o jovem Valmir Júnior, de 28 anos, fez um discurso emocionante, lembrou que foi usuário de drogas e que a igreja o ajudou a se recuperar. Ele destacou ainda que espera que a Jornada Mundial da Juventude “deixe um legado social” para a cidade do Rio de Janeiro.

Missa para bispos
Antes, o pontífice celebrou numa missa a bispos e padres na Catedral Metropolitana de São Sebastião, no Rio de Janeiro, e pediu para os religiosos, citando Madre Tereza de Calcutá, que promovam uma “cultura do encontro” e que sirvam aos pobres nas favelas, tendo “orgulho de nossa vocação”. O pontífice criticou a “cultura da exclusão” na sociedade, na qual “não há lugar para o idoso, para a criança”, e disse que é preciso ir contra essa tendência.

Francisco deixou a residência no Sumaré, na Zona Norte, em carro fechado por volta das 8h. Já no Centro da capital, ele embarcou no papamóvel e percorreu o resto do trajeto até a igreja com o papamóvel, de onde acenou para os fiéis e beijou algumas crianças. Centenas de peregrinos correram pelas ruas para acompanhar o veículo, que chegou ao templo pouco antes das 9h.

A missa foi restrita a bispos, padres e convidados que vieram de diversas partes do país para a Jornada Mundial da Juventude. Francisco cumprimentou e conversou com religiosos no interior da Catedral na sua chegada.

Ao fim dos primeiros compromissos oficiais do dia, ele segue para a casa no Sumaré, onde almoça com cardeais e integrantes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Às 19h30, Francisco dá início à vigília em Copacabana.

Mudanças no trânsito
trânsito do Centro e da Zona Sul tem alterações para a caminhada de 9,5 km da Jornada Mundial da Juventude. Os peregrinos que vão participar da vigília e da Missa de Envio irão percorrer da Central do Brasil a Copacabana, onde está montado o palco principal.

O trajeto tem início na Central do Brasil, passando pela Avenida Presidente Vargas, Avenida Rio Branco, Aterro do Flamengo, Enseada de Botafogo e Rua Lauro Sodré, chegando até o bairro de Copacabana pelo Túnel Novo na Rua Princesa Isabel. O bairro será fechado totalmente a partir das 12h, com 24 pontos de bloqueio.

Inicialmente, as cerimônias seriam realizadas em Guaratiba, na Zona Oeste. A transferência para Copacabana foi feita após as chuvas dos últimos dias alagarem o terreno. A caminhada feita pelos jovens até a vigília é uma tradição das Jornadas, e a manutenção dela, fazendo com que os peregrinos andem um longo percurso, foi um pedido feito pela organização (veja no mapa o trajeto da caminhada).

Encenação da Via Sacra
Na sexta (26), o Papa Francisco emocionou os fiéis de Copacabana em seu 5º dia no Brasil, benzendo a estátua de São Francisco de Assis durante sua passagem pela Orla, acenando para os peregrinos rumo à encenação da Via-Sacra e pedindo uma oração em homenagem às vítimas do incêndio da Boate Kiss, ocorrido no início do ano em Santa Maria (RS).

Mais cedo, ele ambém ouviu a confissão de jovens, encontrou menores infratores e rezou o Ângelus, que tratou da importância dos anciãos e das crianças na construção do futuro dos povos. Na mensagem, o pontífice pediu que os jovens presentes enviassem uma saudação aos seus avós.

Confira a íntegra do discurso do Papa:

Excelências,
Senhoras e Senhores!

Agradeço a Deus pela possibilidade de me encontrar com tão respeitável representação dos responsáveis políticos e diplomáticos, culturais e religiosos, acadêmicos e empresariais deste Brasil imenso. Saúdo cordialmente a todos e lhes expresso o meu reconhecimento. Queria lhes falar usando a bela língua portuguesa de vocês mas, para poder me expressar melhor manifestando o que trago no coração, prefiro falar em castelhano. Peço-vos a cortesia de me perdoar! Agradeço as amáveis palavras de boas vindas e de apresentação de Dom Orani e do jovem Walmyr Júnior. Nas senhoras e nos senhores, vejo a memória e a esperança: a memória do caminho e da consciência da sua Pátria e a esperança que esta, sempre aberta à luz que irradia do Evangelho de Jesus Cristo, possa continuar a desenvolver-se no pleno respeito dos princípios éticos fundados na dignidade transcendente da pessoa.

Todos aqueles que possuem um papel de responsabilidade, em uma Nação, são chamados a enfrentar o futuro “com os olhos calmos de quem sabe ver a verdade”, como dizia o pensador brasileiro Alceu Amoroso Lima [“Nosso tempo”, in: A vida sobrenatural e o mundo moderno (Rio de Janeiro 1956), 106]. Queria considerar três aspectos deste olhar calmo, sereno e sábio: primeiro, a originalidade de uma tradição cultural; segundo, a responsabilidade solidária para construir o futuro; e terceiro, o diálogo construtivo para encarar o presente.

1. É importante, antes de tudo, valorizar a originalidade dinâmica que caracteriza a cultura brasileira, com a sua extraordinária capacidade para integrar elementos diversos. O sentir comum de um povo, as bases do seu pensamento e da sua criatividade, os princípios fundamentais da sua vida, os critérios de juízo sobre as prioridades, sobre as normas de
ação, assentam numa visão integral da pessoa humana. Esta visão do homem e da vida, tal como a fez própria o povo brasileiro, muito recebeu da seiva do Evangelho através da Igreja Católica: primeiramente a fé em Jesus Cristo, no amor de Deus e a fraternidade com o próximo. Mas a riqueza desta seiva deve ser plenamente valorizada! Ela pode fecundar um processo cultural fiel à identidade brasileira e construtor de um futuro melhor para todos. Assim se expressou o amado Papa Bento XVI, no discurso de abertura da V
Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, em Aparecida. Fazer que a humanização integral e a cultura do encontro e do relacionamento cresçam é o modo cristão de promover o bem comum, a felicidade de viver. E aqui convergem a fé e a razão, a dimensão religiosa com os diversos aspectos da cultura humana: arte, ciência, trabalho, literatura… O cristianismo une transcendência e encarnação; sempre revitaliza o pensamento e a vida, frente a desilusão e o desencanto que invadem os corações e saltam para a rua.

2. O segundo elemento que queria tocar é a responsabilidade social. Esta exige um certo tipo de paradigma cultural e, consequentemente, de política. Somos responsáveis pela formação de novas gerações, capacitadas na economia e na política, e firmes nos valores éticos. O futuro exige de nós uma visão humanista da economia e uma política que realize cada vez mais e melhor a participação das pessoas, evitando elitismos e erradicando a pobreza. Que ninguém fique privado do necessário, e que a todos sejam asseguradas dignidade, fraternidade e solidariedade: esta é a via a seguir. Já no tempo do profeta Amós era muito forte a advertência de Deus: «Eles vendem o justo por dinheiro, o indigente, por um par de
sandálias; esmagam a cabeça dos fracos no pó da terra e tornam a vida dos oprimidos impossível» (Am 2, 6-7). Os gritos por justiça continuam ainda hoje.

Quem detém uma função de guia deve ter objetivos muito concretos, e buscar os meios específicos para consegui-los. Pode haver, porém, o perigo da desilusão, da amargura, da indiferença, quando as aspirações não se cumprem. A virtude dinâmica da esperança incentiva a ir sempre mais longe, a empregar todas as energias e capacidades a favor das pessoas para quem se trabalha, aceitando os resultados e criando condições para descobrir novos caminhos, dando-se mesmo sem ver resultados, mas mantendo viva a esperança. A liderança sabe escolher a mais justa entre as opções, após tê-las considerado, partindo da própria responsabilidade e do interesse pelo bem comum; esta é a forma para chegar ao centro dos males de uma sociedade e vencêlos com a ousadia de ações corajosas e livres. No exercício da nossa responsabilidade, sempre limitada, é importante abarcar o todo da realidade, observando, medindo, avaliando, para tomar decisões na hora presente, mas estendendo o olhar para o futuro, refletindo sobre as consequências de tais decisões. Quem atua responsavelmente, submete a própria ação aos direitos dos outros e ao juízo de Deus. Este sentido ético aparece, nos nossos dias, como um desafio histórico sem precedentes. Além da racionalidade científica e técnica, na atual situação, impõe-se o vínculo moral com uma responsabilidade social e profundamente solidária.

3. Para completar o “olhar” que me propus, além do humanismo integral, que respeite a cultura original, e da responsabilidade solidária, termino indicando o que tenho como fundamental para enfrentar o presente: o diálogo construtivo. Entre a indiferença egoísta e o protesto violento, há uma opção sempre possível: o diálogo. O diálogo entre as gerações, o diálogo com o povo, a capacidade de dar e receber, permanecendo abertos à verdade. Um país cresce, quando dialogam de modo construtivo as suas diversas riquezas culturais: cultura popular, cultura universitária, cultura juvenil, cultura artística e tecnológica, cultura econômica e cultura familiar e cultura da mídia. É impossível imaginar um futuro para a sociedade, sem uma vigorosa contribuição das energias morais numa democracia que evite o risco de ficar fechada na pura lógica da representação dos interesses constituídos. Será fundamental a contribuição das grandes tradições religiosas, que desempenham um papel fecundo de fermento da vida social e de animação da democracia. Favorável à pacífica convivência entre religiões diversas é a laicidade do Estado que, sem assumir como própria qualquer posição confessional, respeita e valoriza a presença do fator religioso na sociedade, favorecendo as suas expressões concretas. Quando os líderes dos diferentes setores me pedem um conselho, a minha resposta é sempre a mesma: diálogo, diálogo, diálogo. A única maneira para uma pessoa, uma família, uma sociedade crescer, a única maneira para fazer
avançar a vida dos povos é a cultura do encontro; uma cultura segundo a qual todos têm algo de bom para dar, e todos podem receber em troca algo de bom. O outro tem sempre algo para nos dar, desde que saibamos nos aproximar dele com uma atitude aberta e disponível, sem preconceitos. Só assim pode crescer o bom entendimento entre as culturas e as religiões, a estima de umas pelas outras livre de suposições gratuitas e no respeito pelos direitos de cada uma. Hoje, ou se aposta na cultura do encontro, ou todos perdem; percorrer a estrada justa torna o caminho fecundo e seguro.

Excelências,
Senhoras e Senhores!

Agradeço-lhes pela atenção. Acolham estas palavras como expressão da minha solicitude de Pastor da Igreja e do amor que nutro pelo povo brasileiro. A fraternidade entre os homens e a colaboração para construir uma sociedade mais justa não constituem uma utopia, mas são o resultado de um esforço harmônico de todos em favor do bem comum. Encorajo os senhores no seu empenho em favor do bem comum, que exige da parte de todos sabedoria, prudência e generosidade.

Confio-lhes ao Pai do Céu, pedindo-lhe, por intercessão de Nossa Senhora Aparecida, que cumule de seus dons a cada um dos presentes, suas respectivas famílias e comunidades humanas de trabalho e, de coração, a todos concedo a minha Bênção.

IGREJA ADVENTISTA ABRIGA JOVENS CATÓLICOS DA JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE

Rio de Janeiro, RJ … [ASN] No Rio de Janeiro os jovens da Igreja Central deram aula de boa convivência e hospitalidade cristã. Sem ter onde ficar para acompanhar a Jornada Mundial da Juventude, 170 católicos italianos se hospedaram na Igreja Adventista. Eles foram chegando aos poucos, gratos e surpresos pela cordialidade. Recepção no aeroporto, com direito a translado, alimentação e barracas organizadas para a semana de peregrinação. Só pediram um teto, mas receberam muito mais. “Temos nossas diferenças doutrinárias, mas servimos a um Deus que é soberano e deu exemplo de amor ao próximo. Estamos ajudando estes jovens não por causa da sua fé, mas porque são pessoas que precisam e faríamos isto com qualquer outra denominação”, explicou Rômulo Silva, um dos líderes da igreja.

Durante a semana da Jornada Mundial da Juventude, acontece também em várias igrejas adventistas do País a semana de oração jovem, e na Igreja Adventista Central do Rio o pastor convidado para pregar é André Gonçalves, que trabalha nos Estados Unidos. “Vários dos italianos quiseram participar do nosso culto à noite e gostaram do que ouviram”, relatou Silva, que acredita ser o gesto de amor e solidariedade mais forte que qualquer pregação. [Equipe ASN, Fabiana Bertotti]

Fonte: Agência Adventista Sul-Americana de Notícias

PAPA CRITICA ESTRATÉGIA DE PACIFICAÇÃO DAS FAVELAS BRASILEIRAS

por Jamil Chade/Agência Estado
O papa Francisco atacou a estratégia de “pacificação” das favelas no Rio de Janeiro, com o argumento de que, enquanto a desigualdade social não for resolvida, “não há paz duradoura”. Nesta quinta-feira (25) em plena Favela da Varginha, na zona norte da cidade, ele fez um dos discursos de cunho social mais importantes de seu pontificado e convocou os jovens a continuar pressionando por melhorias, em um sinal de seu apoio aos manifestantes que tomaram as ruas do Brasil desde junho. O papa ainda completou: a grandeza de uma nação só pode ser medida a partir de como ela trata seus pobres, numa referência indireta à insistência do governo de vender o Brasil como uma das maiores economias do mundo e, ao mesmo tempo, não dar uma solução às suas favelas. Francisco chega a reconhecer os avanços sociais promovidos pelo governo. Mas alerta que isso ainda não é suficiente e que a pacificação de favelas, como a que ele visita, não pode ser feita com armas. “Quero encorajar os esforços que a sociedade brasileira tem feito para integrar todas as partes do seu corpo, incluindo as mais sofridas e necessitadas, através do combate à fome e à miséria”, disse.
PAPA PEDE A JOVENS QUE NÃO DESANIMEM NEM PERCAM A ESPERANÇA NA LUTA CONTRA A CORRUPÇÃO 
Vitor Abdala e Akemi Nitahara, Agência Brasil
Em discurso durante visita à comunidade de Varginha, no Complexo de Manguinhos, na zona norte da cidade do Rio de Janeiro, o papa Francisco fez um apelo às autoridades públicas, aos mais ricos e à sociedade em geral para que não se cansem de trabalhar por um mundo mais justo e solidário. Ele pediu políticas nas áreas de educação, saúde e segurança e dignidade às pessoas. O pontífice fez um pedido especial aos jovens para que não percam a confiança em um mundo melhor. “Vocês, jovens, têm uma sensibilidade especial diante das injustiças, mas muitas vezes se desiludem com notícias que falam da corrupção de pessoas que, em vez de buscar o bem comum, procuram seu próprio benefício. Nunca desanimem, nunca percam a confiança. Não deixem que se apague a esperança, a realidade pode mudar. O homem podem mudar. Procurem ser vocês os primeiros a procurar o bem”, disse. O papa falou do esforço da sociedade brasileira em combater a fome e a miséria, e destacou que as pessoas não podem virar as costas para os mais pobres. “Nenhum esforço de pacificação será duradouro, não haverá harmonia e felicidade para uma sociedade que abandona na periferia parte de si mesma. Ela simplesmente empobrece. Não deixemos entrar em nossos corações a cultura do descartável, porque somos irmãos e ninguém é descartável”, disse. O discurso foi pontuado por alguns momentos de descontração do papa. Em um trecho, ele disse que gostaria de bater à porta de cada casa brasileira para “dizer bom dia, pedir um copo de água fresca, beber um cafezinho. Não um copo de cachaça”, disse para risos da plateia que se aglomerou no campo de futebol, onde ocorreu o discurso.
BOTE FÉ NA VIDA, DIZ PAPA NO FIM DA FESTA DA ACOLHIDA 
Flávia Villela, Agência Brasil O papa Francisco se despediu do público que compareceu à Festa da Acolhida da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) e deixou o palco do evento, na praia de Copacabana. Antes de encerrar a participação na festa, o papa pediu que os jovens tenham fé. “Bote fé, que a vida terá um novo sabor. Bote fé, bote a esperança e bote amor, tudo junto”. Com a chuva forte e o frio, grande parte do público começou a deixar a praia de Copacabana, logo após a saída do pontífice. Os organizadores do evento, pelo microfone, procuram estimular a multidão a permanecer no local e ir saindo aos poucos, para evitar tumultos. No evento, o papa disse que o Rio tornou-se o centro da Igreja nesta semana. Ele agradeceu a presença dos jovens que vieram de longe para vê-lo e aos que queriam ter vindo e não puderam vir para a jornada. “Vim aqui ser contagiado com o entusiasmo de vocês. A todos digo, bem-vindos a esta festa da fé”, disse Francisco. Ele agradeceu a hospitalidade dos cariocas e o apoio das autoridades federais, estaduais e municipais. “Os cariocas sabem receber bem e dar uma boa acolhida”, enfatizou.

PAPA FRANCISCO REZOU COM CRISTÃOS EVANGÉLICOS DA ASSEMBLEIA DE DEUS

O papa falou com o pastor e com as pessoas que estavam lá, e os convidou a rezarem um Pai Nosso

Em sua caminhada pela comunidade de Varginha, no Complexo de Manguinhos, na zona norte da capital fluminense, o papa Francisco parou em uma igreja evangélica da Assembleia de Deus e fez uma oração com o pastor e os cristãos protestantes, informou o padre Márcio Queiroz, que acompanhou o pontífice na visita à favela.

“Caminhando pela comunidade, chegamos até a igreja evangélica. Eu mostrei a ele que eles estavam no templo, e ele pediu para ir até lá para cumprimentá-los. O papa falou com o pastor e com as pessoas que estavam lá, e os convidou a rezarem um Pai Nosso”, disse.

O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, também comentou a parada do pontífice na Assembleia de Deus. “O papa parou em frente à igreja e rezou com os fiéis da Assembleia de Deus que estavam na porta. Até eles pediram bênção. Foi um momento ecumênico, espontâneo e muito bonito”, ressaltou.

Os padres também deram mais detalhes da visita de Francisco à moradia de uma família da comunidade. Segundo Federico, a casa era muito pequena, de 5 por 4 metros e estava lotada, com mais de 20 pessoas da família.

“Estavam lá todas as gerações de uma família. Foi um momento de muita comoção. Uma das coisas mais bonitas foi que todas as crianças pequenas foram ao colo do papa e ele abençoou uma por uma. No fim, todos fizeram uma oração juntos. Foi um momento de muita espiritualidade”.

O padre Márcio explicou que a casa estava cheia porque a família da dona é da Paraíba, e todos tinham vindo ao Rio para a visita do papa. Segundo ele, havia uma criança de 15 dias de vida e uma idosa de 93 anos, e o pontífice perguntou o grau de parentesco de cada um. “Como tinha medo que alguém enfartasse, tive que ligar na noite anterior e avisar que aquela seria a casa escolhida. Quando contei, ouvi um silêncio e pensei que a dona da casa tinha desmaiado”, brincou o padre.

Outro detalhe da passagem do papa pela favela destacado pelos sacerdotes foi a parte em que o papa entrou em uma capela local. “Ele ficou muito comovido, e tinha lágrimas nos olhos”, disse o porta-voz do Vaticano.

O padre Queiroz informou que apresentou a mãe ao papa, e disse que ela rezava diariamente por todos os sacerdotes. Segundo ele, por causa disso, ela ganhou um terço de presente do pontífice. “Ele [o papa Francisco] estava saindo da capela e voltou para presenteá-la”, declarou.

Fonte: NoMinuto.com

NO 4º DIA, PAPA VISITA FAVELA, CRITICA CORRUPÇÃO E PEDE MAIS SOLIDARIEDADE

Pontífice visitou comunidade carente em Manguinhos e foi até Copacabana.
Francisco acenou aos fiéis, trocou solidéu e bebeu mate de um peregrino.

Papa Francisco ganhou de uma freira o colar com as cores da bandeira do Brasil (Foto: Luca Zennaro/AFP)

A chuva prejudicou parte dos eventos previstos com a presença do Papa Francisco no Rio de Janeiro. A missa e a vigília previstas para ocorrerem no Campo da Fé, Zona Oeste, tiveram de ser transferidas para Copacabana. Mas o frio e a chuva não espantaram os fiéis durante o quarto dia de permanência do pontífice no país. Francisco visitou a comunidade de Varginha, em Manguinhos, entrou na casa de alguns moradores e falou sobre corrupção e fé em discursos aos peregrinos. Em Copacabana, tomou mate de uma cuia e trocou de solidéu. “A fé de vocês é mais forte que o frio e a chuva”, disse Francisco.

Em sua chegada a Varginha pela manhã, o Papa Franciso recebeu um colar com as cores do Brasil, que ele vestiu sobre suas vestes sacerdotais. Antes de discursar em um campo de futebol, ele ainda visitou uma família da comunidade, permanecendo cerca de 10 minutos dentro da casa.

Eu falei: seja bem vindo Papa Francisco, a casa é sua. Ele respondeu que temos uma família linda e que já nos amava antes nos conhecer”, contou a dona de casa Maria da Penha dos Santos, uma das moradoras que recebeu o Papa na casa de número 81 na comunidade.

Francisco falou sobre corrupção em discurso na comunidade e pediu aos jovens que “nunca desanimem, não percam a confiança, não deixem que se apague a esperança” frente as “notícias que falam de corrupção, com pessoas que, em vez de buscar o bem comum, procuram o seu próprio benefício”.

“A realidade pode mudar, o homem pode mudar. Procurem ser vocês os primeiros a praticar o bem, a não se acostumarem ao mal, mas a vencê-lo”, afirmou o pontífice.

Por volta das 17h30, Francisco chegou de helicóptero ao Forte de Copacabana e, de papamóvel, percorreu o trajeto do Posto 6 até o Leme.

Pelas ruas de Copacabana, o papa chegou a trocar seu solidéu branco por um oferecido por um peregrino e tomou um chimarrão esticado a ele por um dos fiéis ao papamóvel. Sempre sorridente, o Papa acenou e beijou crianças pelo caminho.

Na cerimônia de acolhida aos jovens, ele citou seus antecessores, João Paulo II e Bento XVI e pediu um minuto de silêncio em homenagem à estudante Sophie Morinière, que morreu em um acidente na Guiana Francesa em um acidente de um ônibus de peregrinos que vinham para a Jornada Mundial da Juventude na última quarta (17).

“Sempre ouvi dizer que o carioca não gosta de frio e de chuva. A fé de vocês é mais forte que o frio e a chuva. Parabéns!”, disse o Papa, que foi aplaudido. Ele também assistiu à apresentação com a participação da cantora Fafá de Belém, que beijou as mãos do pontífice.

“Bote fé, bote esperança e bote amor”, disse também Papa Francisco durante uma homilia.

Mais cedo, o Papa também recebeu uma camisa da seleção brasileira de presente e abençoou esportistas em cerimônia fechada no Palácio da Cidade, na Zona Sul. Ele recebeu uma camisa do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) das mãos do presidente da entidade, Carlos Arthur Nuzman, e deu a bênção a atletas como o ex-jogador de basquete Oscar Schmidt, que luta contra um câncer no cérebro.

A missa de encerramento da Jornada Mundial da Juventude que estava prevista para domingo (28) no Campo da Fé, em Guaratiba, na Zona Oeste do Rio, foi transferida para a Praia de Copacabana, na Zona Sul.

A vigília que ocorreria no sábado também mudou de lugar. Segundo o Comitê Organizador da JMJ, o mau tempo tornou a realização impraticável, já que o local amanheceu tomado por lama nesta quinta (25). A informação foi confirmada pelo arcebispo do Rio, dom Orani Tempesta.

‘Mundo mais justo e mais solidário’
Francisco afirmou ainda que os brasileiros podem “dar para o mundo uma grande lição de solidariedade” e pediu “aos que possuem mais recursos, às autoridades públicas e a todas as pessoas de boa vontade comprometidas com a justiça social” que “não se cansem de trabalhar por um mundo mais justo e mais solidário”.

“Quero encorajar os esforços que a sociedade brasileira tem feito para integrar todas as partes do seu corpo, incluindo as mais sofridas e necessitadas, através do combate à fome e à miséria. Nenhum esforço de ‘pacificação’ será duradouro, não haverá harmonia e felicidade para uma sociedade que ignora, que deixa à margem, que abandona na periferia parte de si mesma”, disse.

‘Somos pobres, pequenos, esquecidos’
Francisco ouviu com atenção o discurso de boas vindas de um jovem de Varginha, que disse que a visita à comunidade marcará a vida de todos os moradores. “A sua vida, Pai Francisco, nos levou à mídia nacional e internacional”, afirmou o jovem, “mas desta vez não nas páginas policiais”. Ele lembrou que, depois do anúncio de que o Papa visitaria Varginha, ruas foram asfaltadas, lixeiras foram melhor distribuídas e outras melhorias foram feitas. “Esperamos que isso continue”, disse ele. “Somos pobres, pequenos, esquecidos”, afirmou o jovem da comunidade.

Leia a íntegra da homilia do Papa em Copacabana:

“Jovens amigos,

‘É bom estarmos aqui’, exclamou Pedro, depois de ter visto o Senhor Jesus transfigurado, revestido de glória. Queremos também nós repetir estas palavras? Penso que sim, porque para todos nós, hoje, é bom estar aqui juntos, unidos em torno de Jesus! Ele que nos acolhe e se faz presente em meio a nós, aqui no Rio.

Mas, no Evangelho, escutamos também as palavras de Deus Pai: ‘Este é o meu Filho, Escutai-o’. Então, se por um lado é Jesus quem nos acolhe, por outro também nós devemos acolhê-lo, ficar à escuta da sua palavra, pois é justamente acolhendo a Jesus Cristo, palavra encarnada, que o Espírito Santo nos transforma, ilumina o caminho do futuro e faz crescer em nós as asas da esperança para caminharmos com alegria.

Mas o que podemos fazer? ‘Bote fé!’ A Cruz da Jornada Mundial da Juventude peregrinou através do Brasil inteiro com este apelo. ‘Bote fé!’ O que significa? Quando se prepara um bom prato e vê que falta o sal, você então ‘bota’ o sal; falta o azeito, então ‘bota’ o azeite… ‘Botar’, ou seja, colocar, derramar. É assim também na nossa vida, queridos jovens: se queremos que ela tenha realmente sentido e plenitude, como vocês mesmos desejam e merecem, digo a cada um e a cada uma de vocês: ‘bote fé’ e a vida terá um sabor novo, terá uma bússola que indica a direção; ‘bote esperança’ e todos os seus serão iluminados e o seu horizonte já não será escuro, mas luminoso; ‘bote amor’ e a sua existência será como uma casa construída sobre a rocha, o seu caminho será alegre, porque encontrará muitos amigos que caminham com você. ‘Bote fé, bote esperança, bote amor!’

Mas quem pode nos dar tudo isso? No Evangelho, escutamos a resposta: Cristo. ‘Este é o meu Filho, o Eleito. Escutai-O!’ Jesus é Aquele que nos traz a Deus e que nos leva a Deus; com Ele toda a nossa vida se transforma, se renova e nós podemos olhar a realidade com novos olhos, a partir da perspectiva de Jesus e com seus olhos. Por isso, hoje, lhes digo com força: ‘Bote Cristo’ na sua vida e você encontrará um amigo em quem sempre confiar; ‘bote Cristo’, e você verá crescer as asas da esperança para percorrer com alegria o caminho do futuro; ‘bote Cristo’ e a sua vida ficará cheia do seu amor, será uma vida fecunda.

Hoje, queria que nos perguntássemos com sinceridade: em quem depositamos a nossa confiança? Em nós mesmos, nas coisas, ou em Jesus? Sentimo-nos tentados a colocar a nós mesmos no centro, a crer que somos somente nós que construímos a nossa vida, ou que ela se encha de felicidade com o possuir, com o dinheiro, com o poder. Mas não é assim! É verdade, o ter, o dinheiro, o poder podem gerar um momento de embriaguez, a ilusão de ser feliz, mas no fim das contas, são eles que nos possuem, e novas a querer ter sempre mais a nunca estar saciados. ‘Bote Cristo’ na sua vida, deposite n’Ele a sua confiança e você nunca se decepcionará! Vejam, queridos amigos, a fé realiza a nossa vida uma revolução que podíamos chamar copernicana, porque nos tira do centro e o restitui a Deus; a fé nos imerge no seu amor que nos dá segurança, força, esperança. Aparentemente não muda nada, mas, no mais íntimo de nós mesmos, tudo muda.

No nosso coração, habita a paz, a mansidão, a ternura, a coragem, a serenidade e a alegria, que são os frutos do Espírito Santo e a nossa existência se transforma, o nosso modo de pensar e agir se transforma, o nosso modo se renova, torna-se o modo de pensar e de agir Jesus, de Deus. No Ano da Fé, esta Jornada Mundial da Juventude é justamente um dom que nos é oferecido para ficarmos ainda mais perto de Deus, para ser seus discípulos e seus missionários, para deixar que Ele renove a nossa vida.

Querido jovem: ‘bote Cristo’ na sua vida. Nestes dias, Ele lhe espera na palavra: escute-O com atenção e o seu coração será inflamado pela sua presença; ‘Bote Cristo: Ele lhe acolhe no Sacramento do perdão, para curar, com a sua misericórdia, as feridas do pecado. Não tenham medo de pedir perdão a Deus. Ele nunca se cansa de nos perdoar, como um pai que nos ama. Deus é pura misericórdia! ‘Bote Cristo’: Ele lhe espera no encontro com a sua Carne na Eucaristia, Sacramento da sua presença, do seu sacrifício de amor, e na humanidade de tantos jovens que vão lhe enriquecer com a sua amizade, lhe encorajar com o seu testemunho de fé, lhe ensinar a linguagem da caridade, da bondade, do serviço. Você também, querido jovem, pode ser uma testemunha jubilosa do seu amor, uma testemunha corajosa do seu Evangelho para levar a este mundo um pouco de luz.

‘É bom estarmos aqui’, botando Cristo na nossa vida, botando a fé, a esperança, o amor que Ele nos dá. Queridos amigos, nessa celebração acolhemos a imagem de Nossa Senhora Aparecida. Com Maria, queremos ser discípulos e missionários. Como ela, queremos dizer ‘sim’ a Deus. Peçamos ao seu coração de mãe que interceda por nós, para que os nossos corações estejam disponíveis para amar a Jesus e fazê-lo amar. Ele está esperando por nós e conta conosco! Amém.”

Fonte: Do G1, no Rio de Janeiro

PAPA DIZ QUE LIBERAR USO DA DROGA NÃO VAI REDUZIR IMPACTO DA DEPENDÊNCIA

PAPA DISSE QUE É PRECISO APOIAR QUEM CAIU NA “ESCURIDÃO DA DEPENDÊNCIA”. FRANCISCO CHAMOU HOSPITAL DE ‘SANTUÁRIO DO SOFRIMENTO HUMANO’.

O Papa Francisco afirmou nesta quarta-feira (24), durante inauguração do Hospital São Francisco, na Tijuca, Zona Norte do Rio, que deixar livre o uso das drogas não vai “reduzir a difusão e a influência da dependência química”.

A visita ao centro para tratamento de dependentes na capital fluminense foi a segunda agenda de Francisco no dia. Pela manhã, ele esteve em Aparecida e celebrou missa no Santuário Nacional.

De volta ao Rio, encontrou mais de mil convidados que aguardavam, debaixo de chuva e frio, a cerimônia de inauguração do centro médico. Francisco foi recepcionado por ex-dependentes e discursou pedindo apoio para aqueles que caíram na “escuridão da dependência”.

Francisco foi enfático ao condenar o debate sobre a liberação do uso das drogas e apontou a necessidade de encontrar outros caminhos. “Não é deixando livre o uso das drogas, como se discute em várias partes da América Latina, que se conseguirá reduzir a difusão e a influência da dependência química”, afirmou.

“É necessário enfrentar os problemas que estão na raiz no uso das drogas, promovendo uma maior justiça, educando os jovens para os valores que constróem a vida comum, acompanhando quem está em dificuldade e dando esperança para o futuro”, afirmou.

O Pontífice começou seu pronunciamento afirmando que o hospital que visitava era um “particular santuário do sofrimento humano”. Ele citou São Francisco como modelo de conduta: ele deixou bens materiais para optar pelos pobres. Para o Papa, lembrando que os católicos precisam também abraçar os sofredores. “Precisamos todos aprender a abraçar quem passa necessidades, como fez São Francisco.”

Entretanto, Papa advertiu que este não é o valor que prevalece na sociedade e relacionou o tráfico com o mercado “da morte”. “Frequentemente, porém, nas nossas sociedades, o que prevalece é o egoísmo. São tantos os mercadores de morte que seguem a lógica do poder e do dinheiro a todo custo. A chaga do tráfico de drogas, que favorece a violência e que semeia dor e a morte, exige da inteira sociedade um ato de coragem”, disse.

Em uma mensagem direta aos dependentes que ainda não conseguiram buscar tratamento, disse que é preciso que eles sejam protagonistas da sua vida. “Ninguém pode fazer a sua vida no seu lugar. (…) Não deixem que vos roubem a esperança. Mas digo também, não roubemos a esperança. Pelo contrário, nos tornemos portadores de esperança.”

Na solenidade, o estudante Francisco entregou uma imagem de São Francisco feita por um ex-dependente que se tratou no hospital. O prédio desativado, de 1947, vai comportar 80 leitos, mas só deve ser aberto em agosto.

Gota no oceano
Antes de falar, Papa ouviu discurso de Dom Orani, arcebispo do Rio. “Aqui se concentram vários trabalhos de prevenção, recuperação e inserção para pessoas adictas. Recordando o compromisso da mãe Igreja com seus filhos que sofrem”, comentou Orani. “Sabemos que este trabalho é uma gota no oceano. Peço sua benção para esta obra, para os irmãos que aqui trabalham e para os que vão se recuperar por meio desta rede”, disse o arcebispo.

Visita do papa à Aparecida leva milhares de fiéis ao santuário nacional (Foto: Reprodução/TV Diário)

Emocionados, ex-dependentes químicos deram testemunhos na cerimônia de inauguração do centro de reabilitação. Receberam abraços do Papa. Frei Francisco, diretor do hospital, apresentou ao Papa a missão do centro para tratamento dos dependentes químicos. “Santo Padre, a lepra dos nossos dias se chama droga”, disse. “Peço que nos ajude a construir uma Igreja mais serva, mais irmã, mais ouvinte”, disse o Frei. O Papa recebeu, então, flores e uma escultura feita por internados na instituição.

Aparecida
Em Aparecida (SP), o Papa mobilizou e comoveu milhares de pessoas nesta quarta. Ele celebrou sua primeira missa aberta ao público desde que chegou ao Brasil, e os 12 mil lugares dentro da Basílica foram ocupados logo cedo. Mesmo com a forte onda de frio, muitos fiéis dormiram ao relento para guardar lugar e conseguir ficar perto do Papa. Ele pediu que os jovens construam “um país e um mundo mais justo, solidário e fraterno” e anunciou sua volta à cidade em 2017.

Francisco chegou a Aparecida por volta das 10h15 – após fazer uma viagem de avião do Rio de Janeiro a São José dos Campos e de helicóptero até Aparecida. Após descer no heliponto do Santuário, Francisco seguiu de papamóvel por um curto caminho até a entrada da Basílica, acompanhado do cardeal Arcebispo de Aparecida, Dom Raymundo Damasceno de Assis. Muitas pessoas tentaram se aproximar do carro aberto durante o trajeto, e o Papa chegou a beijar uma criança.

Francisco chegou a Aparecida por volta das 10h15 – após fazer uma viagem de avião do Rio de Janeiro a São José dos Campos e de helicóptero até Aparecida. Após descer no heliponto do Santuário, Francisco seguiu de papamóvel por um curto caminho até a entrada da Basílica, acompanhado do cardeal Arcebispo de Aparecida, Dom Raymundo Damasceno de Assis. Muitas pessoas tentaram se aproximar do carro aberto durante o trajeto, e o Papa chegou a beijar uma criança.

Papa beija criança no caminho até Basílica de Aparecida (Foto: Stefano Rellandini/Reuters)

Sua primeira parada no Santuário foi a Capela dos 12 Apóstolos, onde teve um momento de veneração da imagem de Nossa Senhora Aparecida. Ele foi acompanhado de diversos religiosos. O Papa tem uma devoção mariana muito forte, e costuma visitar igrejas dedicadas à mãe de Cristo. Ele fez uma oração na qual citou a jornada, e mostrou bastante emoção.

Em seguida o Papa se dirigiu para o altar da Basílica, em um cortejo com cardeais brasileiros e de outros países, além de bispos. O Papa apresentou a imagem de Nossa Senhora para os fiéis e iniciou a missa, celebrada em português.

A liturgia da missa desta quarta foi a mesma da celebrada todos os dias 12 de outubro, dia de Nossa Senhora Aparecida – foi decidido manter as leituras tradicionais da data. O Evangelho – uma leitura do livro de João, tratou do primeiro milagre atribuído a Jesus, a transformação de água em vinho durante um casamento em Caná da Galileia, com a presença da mãe de Cristo.

Durante o Evangelho, Francisco pediu que os pastores do povo de Deus, pais e educadores sejam responsáveis por transmitir aos jovens valores para construir “um país e um mundo mais justo, solidário e fraterno” a partir de posturas “simples”. Francisco também pediu que a juventude seja encorajada e considerada um “motor potente para a Igreja e para a sociedade”.

Benção
Após a celebração, o papa seguiu para a Tribuna Bento XVI, do lado de fora da basílica, onde abençoou os milhares de fiéis que o esperavam. Francisco pediu desculpas por não falar “brasileiro”, disse que falaria em espanhol e de desculpou novamente. Em todos os intervalos de suas falas, foi ovacionado pelo público.

“Uma mãe se esquece de seus filhos? Ela não se esquece de nós. Ela nos quer e nos cuida”, disse o Papa, antes de pegar a imagem de Nossa Senhora em suas mãos e apresentá-la aos fiéis, abençoando-os.

Em seguida, pediu novamente que todos rezassem por ele – uma tradição em seus discursos e uma das primeiras frases ditas por ele quando foi eleito papa. “Eu peço um favor, com jeitinho, rezem por mim. Necessito. Que Deus os abençoe e Nossa Senhora Aparecida cuide de vocês. Até 2017, porque eu vou voltar”.

Em 2017, o Santuário Nacional vai comemorar os 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida no Rio Paraíba. O pontífice foi convidado para participar da celebração pelo arcebispo de Aparecida, dom Raymundo Damasceno, e disse ter aceitado.

Pouco antes, quando o pontífice ainda tentava deixar o altar da Basílica, sua conta no Twitter publicou uma mensagem pedindo que os jovens não se esqueçam que a “a Virgem Maria é a nossa Mãe, e é com a sua ajuda que podemos permanecer fiéis a Jesus”.

Trajetos
Após deixar a tribuna, o Papa seguiu de papamóvel aberto – mesmo com o frio – até o Seminário Bom Jesus. O trajeto incluiu parte do estacionamento do Santuário e algumas ruas de Aparecida, e foi todo isolado por grades, para que o público não avançasse sobre o Papa como aconteceu em sua primeira aparição no Rio de Janeiro. Muitos seguranças também cercaram o carro durante todo o trajeto.

O trajeto de 1,1 quilômetro foi acompanhado por milhares de pessoas. No seminário, o Papa almoçou um cardápio bastante simples e regional, composto de salada de alface e tomate, purê de batatas, carne de panela, arroz e feijão, além de doce de abóbora e doce de leite de sobremesa. O almoço foi acompanhado por cerca de 60 pessoas, incluindo parte de sua comitiva e alguns seminaristas.

Ainda no Seminário Bom Jesus, o Papa abençoou uma imagem de oito metros de Frei Galvão que foi retirada da entrada da cidade de Guaratinguetá (SP) especialmente para a benção papal.

Fonte: Do G1, no Rio de Janeiro