PESQUISA MOSTRA QUEDA NO NÚMERO DOS QUE SE DIZEM CATÓLICOS ENTRE OS JOVENS DE 16 A 24 ANOS

Em meio à Jornada Mundial da Juventude (JMJ) realizada no Rio de Janeiro até o dia 28 e a vinda do papa Francisco ao Brasil, uma pesquisa do Data Popular aponta que menos da metade dos brasileiros entre 16 e 24 anos são católicos. Segundos os dados, 44,2% dos jovens entrevistados se declararam católicos, 37,6% protestantes/evangélicos, 6,7% de outras religiões e 11,5% afirmaram não possuir religião.

Os números divergem do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apontava para um percentual de 63% de católicos entre jovens com idade entre 15 e 24 anos. No entanto, ainda segundo o órgão, o percentual de católicos no país recuou de 73,6% em 2000 para 64,6% em 2010.

A nova pesquisa do Data Popular mostra que entre os brasileiros com mais de 50 anos, o percentual de católicos é maior, quando 57,9% dizem que pertencem a essa religião. 27% são evangélicos/protestantes, 11,1% de outras religiões e 4% não possuem.
A pesquisa também mostra que os católicos são os menos assíduos à igreja entre o público com 18 anos ou mais. Nessa religião, 48% afirmaram não ter ido nenhuma vez à igreja no último mês. Entre os evangélicos, esse percentual cai para 14%. Entre os de outras religiões, o número é de 16%.

Outro dado revelado pela pesquisa é o posicionamento dos católicos com relação a temas polêmicos como aborto, pena de morte, legalização do uso de drogas e direitos de casais homoafetivos. Entre os católicos, 25% afirmaram ser a favor do aborto e 45% são favoráveis à pena de morte. A legalização da maconha recebeu o apoio de 19% dos católicos. 48% também concordam que casais do mesmo sexo tenham os mesmos direitos de casais tradicionais.

Para o padre Charles Lamartine, não é assustador a queda do número de católicos. “Antigamente, quando se perguntava sobre religião, todos diziam ser católicos. Hoje não. Quando elas dizem ser católicos, é porque realmente o são. Quantidade nem sempre é bom, mas sim a qualidade”, explica.

Sobre as diferenças de pensamento dos fiéis com relação aos dogmas da Igreja Católica, o padre diz que isso é normal. “A Igreja não constrói muros, mas sim pontes. Nós acolhemos as diferenças como Jesus manda. A Igreja já fez grandes progressos através da diferença”, esclarece.

JMJ
Mais de 500 peregrinos da Diocese de Mossoró, incluindo o bispo diocesano dom Mariano Manzana e vários sacerdotes, participam da Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro, que tem início hoje e segue até o dia 28 de julho. O coordenador diocesano do setor de juventude, Fabiano Brito, foi um dos jovens escolhidos para ficar no palco ao lado do papa Francisco.

Com o tema “Ide e fazei discípulos entre todas as nações”, o evento espera reunir 2,5 milhões de pessoas de vários países. Essa é a primeira vez que o evento, criado pelo papa João Paulo II em 1985, é realizado no Brasil. A cada dois ou três anos, um encontro internacional dos jovens com o papa é realizado. Serão catequeses, testemunhos, partilhas, exemplos de amor ao próximo e à Igreja, festivais de música e atividades culturais entre os fiéis.

Fonte: Jornal O Mossoroense

PAPA E POVO TÊM ENCONTRO FRATERNO NO CENTRO DO RIO

O primeiro dia do papa Francisco no Brasil foi marcado por sua simpatia, atenção e seu cuidado com os fiéis. Falando em um português claro, ele abençoou a todos e disse que “bota fé nos jovens”, usando uma expressão informal. Antes, o papa fez questão de estar o mais perto o possível das pessoas que se aglomeraram nas ruas do Rio para vê-lo.

A bordo do avião, no caminho para o Brasil, Francisco, que nasceu na Argentina, brincou indiretamente com a disputa que envolve brasileiros e argentinos. Bem-humorado, ele lembrou que no Brasil dizem que Deus é brasileiro, permitindo assim que o papa seja de outra nacionalidade.

Com o vidro do carro aberto, Francisco se deixou ser visto e muitos que conseguiram vencer o bloqueio dos seguranças chegaram perto dele. Sorridente, o papa acenou, cumprimentou e beijou crianças, inclusive um bebê de colo. A emoção dos fiéis foi retribuída por ele com sorrisos e respeito.

No papamóvel, Francisco ficou de pé o tempo todo e sorriu quase todo o tempo. Acostumados com o estilo do papa, os seguranças que o acompanham atendiam quando ele queria que o carro reduzisse a velocidade para que pudesse chegar mais perto das pessoas.

Um torcedor do Fluminense conseguiu chegar perto do papa e presenteá-lo com uma camisa do time. Apaixonado por futebol, Francisco, que é torcedor do San Lorenzo e disse com orgulho, em várias ocasiões, que guarda uma foto vestido com a camisa do time argentino, agradeceu o presente.

Fonte: Robson Pires

EVANGÉLICOS SÃO O MAIOR DESAFIO DO PAPA, DIZ IMPRENSA INTERNACIONAL

A imprensa internacional tem destacado a visita do papa Francisco ao Brasil durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) sob dois aspectos. A primeira viagem internacional do pontífice será ao país com maior número de católicos no mundo, e que também é palco da maior taxa de crescimento dos evangélicos, superando 60% na primeira década do novo século.

A revista norte-americana Newsweek destaca que “a primeira grande viagem internacional de Francisco é carregada de significado para uma igreja em tumulto”, fazendo referência aos escândalos de pedofilia e má gestão financeira, que conturbam a já tumultuada Igreja Católica, que tem perdido fiéis devido à sua “liturgia desatualizada”.

Segundo a mesma publicação, o crescimento dos evangélicos enfraqueceu ainda mais a Igreja Católica no país: “No Brasil, nominalmente, o maior país católico do mundo, as lutas da Igreja têm proporcionado uma abertura para igrejas evangélicas protestantes, cujos televangelistas cortejam os pobres e esquecidos em templos que se espalharam como franquias de fast-food”.

Citado pela revista como uma das cartas na manga do Vaticano para estancar a perda de fiéis, padre Marcelo Rossi afirma que a Igreja Católica precisa se mexer: “Nós não podemos sentar e esperar que as pessoas venham à igreja”, diz ele. “A igreja tem que chegar e trazer as pessoas de volta”.

Porém, a ideia de que a visita do papa ao Brasil possa reverter a perda de fiéis é questionada por outros veículos de imprensa. Na França, o jornal Le Monde publicou uma matéria especial sobre a viagem de Francisco para a JMJ e sua missão de reconquistar o público.

“De um lado, ela [a Igreja Católica] não conseguiu evitar sua erosão numérica diante das igrejas evangélicas, cuja inventividade, proximidade e dinâmica de crescimento não cessam de preocupar os bispos. De outro lado, ela teve sua imagem prejudicada pelos escândalos de pedofilia e corrupção em série”, constata o jornal francês.

As estatísticas são apontadas como evidência do crescimento e da força das igrejas evangélicas: “Enquanto eram apenas 6,6% da população em 1980, os evangélicos, em seu conjunto, passaram para quase 25% da população, ou seja mais de 16 milhões de novos fieis”.

O jornal destaca ainda que, apesar da estratégia do papa em visitar lugares onde a Igreja Católica é ausente, como Guaratiba e Varginha, comunidades carentes do Rio de Janeiro, o desafio se faz maior pela falta de padres na denominação. Segundo o Le Monde, o déficit de sacerdotes chega a 20 mil só no Brasil.

“Em termos de estratégia, o papa Francisco escolheu visitar duas localidades do Rio de Janeiro – Guaratiba no Oeste e a favela de Varginha na zona Norte – onde os evangélicos proliferam. Dois lugares onde, como em tantos outros, a Igreja Romana parece distante, quando não ausente. Lugares que permitirão medir o tamanho da tarefa a ser executada pelo novo papa nesse que ainda é, apesar de tudo, o maior país católico do planeta”, conclui o jornal.

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Fonte: GH

‘DEUS É BRASILEIRO E VOCÊS QUERIAM UM PAPA?’, DIZ FRANCISCO NO VOO AO BRASIL

FABIANO MAISSONAVE
A BORDO DO AVIÃO DO PAPA

Em encontro com jornalistas no voo ao Rio de Janeiro, o papa Francisco brincou com a expressão “Deus é brasileiro” ao dizer que, por este motivo, o pontífice não poderia ser do Brasil.

“Deus já é brasileiro e vocês queriam um papa?”, ironizou ele ao cumprimentar uma jornalista brasileira presente no voo.

Após expressar preocupação com os jovens sem emprego e lembrar os idosos, Francisco, de pé no corredor, cumprimentou todos os jornalistas individualmente, sempre com um sorriso no rosto.

Em discurso aos profissionais da imprensa presentes, o papa surpreendeu ao falar dos idosos. Chamou-os de “o futuro de um país” e afirmou que, assim como os jovens, sofrem com uma “cultura descartável”.

“Os jovens, neste momento, estão em crise. Estamos acostumados a uma cultura descartável. Fazemos isso frequentemente com os idosos e, agora, com essa crise, estamos fazendo o mesmo com os jovens”, disse o papa a um grupo de 70 jornalistas que disputavam espaço entre cadeiras da classe econômica para vê-lo e ouvi-lo.

“Algumas vezes, fomos injustos com os mais idosos, que deixamos de lado, como se não tivessem nada para nos dar. É verdade que os jovens são o futuro de um povo porque têm energia, mas não são o único futuro. Os jovens são o futuro porque são jovens e, os idosos, porque têm a sabedoria da vida”.

Com relação à sua viagem como papa, Francisco disse que o motivo é encontrar os jovens em seu “contexto social”. “Eles pertencem a uma família, a um país e a uma fé. Não devemos isolá-los, especialmente da sociedade”.

DESEMPREGADOS

Francisco disse que está preocupado com a falta de trabalho entre os jovens: “corremos o risco de criar uma geração que nunca terá trabalhado. O trabalho dá dignidade à pessoa e a habilidade para ganhar o pão”.

Avesso à impressa, o papa não aceitou perguntas, rompendo uma prática de Bento 16 e João Paulo 2º. Ele riu quando uma repórter mexicana, escolhida para falar em nome do grupo, disse que os jornalistas não eram seu “santo de devoção”.

“E agora você está na jaula do leão”, brincou ela, arrancando risos do papa Francisco.

“É verdade que não dou entrevistas, eu não sei o motivo, simplesmente não posso, é cansativo”, disse, depois de negar que se sentia “enjaulado”.

Conversando com outro brasileiro, perguntou: “vocês dizem que a Argentina tem um papa argentino. E vocês o que tem?”

Ele mesmo respondeu, brincando: “eu”.

A conversa com os jornalistas ocorreu nas primeiras horas da viagem, quando o avião sobrevoava o deserto do Saara. Depois do encontro, Francisco voltou a seu assento, na primeira classe.

O papa deve aterrissar no Rio de Janeiro por volta das 16h desta segunda-feira.

Fonte: Folha de São Paulo