A professora de Português Cintia Dias Marei, da Escola Estadual Aquilino Ribeiro, em São Paulo, foi uma das que contou com o apoio dos tutores: ela enfrentava dificuldades com a indisciplina e com a necessidade de alfabetizar 15 alunos da 6ª série. “Os tutores deram ideias de leituras e de formação de grupos de trabalho na sala de aula para atrair o interesse dos alunos. Eles também me ajudaram a criar questões de provas e a sistematizar os resultados”, explica.
O também professor de Português da Escola Estadual Aquilino Ribeiro, Cícero Leonardo do Nascimento, avalia que os tutores ajudaram a encontrar novas formas de trabalhar leitura e produção de textos. “Passei a trabalhar contos de suspense, usando histórias em quadrinhos para atrair os alunos, por exemplo. E, na sala de aula, antes eu falava, e os alunos ouviam. Hoje, eles participam mais e eu sou apenas o mediador”, conta.
Além dos professores, os coordenadores escolares também receberam ajuda dos tutores. “O coordenador, às vezes, é desviado da função dele e acaba tendo que cuidar da merenda, de fechar portão, de funções burocráticas. A proposta da tutoria é ajudar esse profissional a priorizar a rotina pedagógica, a fazer um diagnóstico da escola e o planejamento do ano”, afirma a especialista em Gestão Educacional da Fundação Itaú Social, Maria Carolina Nogueira Dias.
A Fundação Itaú Social ainda está avaliando os resultados do projeto em São Paulo, encerrado este ano. A ideia é que a Secretaria de Educação continue e estenda a tutoria, independente da Fundação.
Goiás também adotou a presença de tutores nas escolas, porém em escala maior que São Paulo: cerca de 1.100 escolas participam do projeto piloto. Além dos tutores, os colégios contam com ajuda dos coordenadores de pais, pessoas que conhecem a comunidade e que não necessariamente tinham algum vínculo com a escola.
Entre as tarefas dos coordenadores estão: receber os estudantes na porta; conversar com os pais; procurar convencê-los a participar das reuniões periódicas; e visitar a casa da família quando notam algum problema com o aluno. “Queremos que esse profissional trate com alunos que estão propensos à evasão ou que têm baixo rendimento escolar”, disse o secretário de Educação do Espírito Santo, Klinger Barbosa Alves.
A perspectiva é que, ainda no primeiro semestre deste ano, os coordenadores passem a atuar em 15 escolas estaduais de ensino fundamental e médio de cinco cidades da Região Metropolitana de Vitória (ES).
“Hoje, 95% dos pais comparecem às reuniões na escola. Antigamente, só se falava da indisciplina dos alunos nestes encontros e, agora, fala-se mais das notas, e os pais ficam informados sobre o aprendizado dos filhos”, relata a coordenadora de pais Maria Aparecida Alexandre Custódio.
Cidineia Carvalho Oliveira, mãe do estudante Willian Carvalho de Souza Lima, de 11 anos, conta que a coordenadora de pais auxiliou o filho quando ele recebeu ameaças e foi agredido por um colega. “O contato agora é maior. Na reunião de pais, não dá tempo de falar tudo e, às vezes, você quer falar em particular com alguém da escola”, conta a mãe.
No projeto piloto do Rio de Janeiro, no entanto, os coordenadores de pais terão uma função diferente: atender famílias cujos filhos frequentam creches municipais apenas uma vez por semana.
Nova York
Liderada pelo então prefeito de Nova ,York Michael Bloomberg, a reforma educacional da cidade, iniciada há dez anos, tinha como foco melhorar a aprendizagem dos alunos. Além dos coordenadores e tutores, ele propôs o afastamento de professores por baixo rendimento, o fechamento de escolas mal avaliadas, o pagamento de bônus para docentes e um sistema de gestão que desse mais autonomia aos diretores.
Algumas dessas políticas, como o afastamento de professores e a política de bonificação por desempenho, foram revistas e extintas, pois não demonstraram ter impacto no desenpenho dos alunos. Ainda assim, a média dos estudantes aumentou nas avaliações oficiais.
Com informações de O Globo – Extraído do blog Educação