DEMÓSTENES GANHA TEMPO COM LIMINAR DO STF

Liminar estabelece que Conselho de Ética do Senado deverá vote relatório só 3 dias depois da apresentação

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli concedeu liminar ao senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) determinando que a votação do relatório no Conselho de Ética do Senado sobre o processo disciplinar contra o senador ocorra somente três dias úteis após a apresentação do mesmo no colegiado. O relator senador Humberto Costa (PT-PE) apresenta nesta segunda-feira, às 14h30, o seu parecer no processo disciplinar contra Demóstenes por quebra de decoro parlamentar, pelo envolvimento com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

O teor da liminar ainda não foi liberado, mas o andamento processual confirma a decisão do ministro. “Defiro em parte o pedido liminar para que seja garantido ao impetrante que a deliberação acerca do parecer final do processo disciplinar contra ele aberto seja realizada em sessão que deve ocorrer em no mínimo três dias úteis de interstício contados após a divulgação pública da ‘primeira parte’ do parecer do relator”, diz a decisão do ministro.
Toffoli ainda afirma que a “decisão compreende também o tempo hábil para que os demais membros do Conselho tenham acesso às razões apresentadas em alegações finais (cujo prazo encerrou-se em 15/6/2012 – sexta-feira), bem como ao contido na primeira parte do referido relatório final, tudo de molde a se concretizar de fato o direito à ampla defesa e ao contraditório”.
Com essa decisão, os integrantes do Conselho de Ética do Senado não poderão apreciar nesta segunda-feira o relatório de Humberto Costa.

Fonte: Gazeta do Povo

VERGONHA: PT E PMDB VOTAM UNIDOS PARA LIVRAR CABRAL DE CONVOCAÇÃO

No caso de Agnelo Queiroz, além dos sete parlamentares da oposição, sete governistas votaram pela presença do governador na comissão de inquérito

Laryssa Borges

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (AE)

Confirmando a comprometedora mensagem de celular em que o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) garantia blindagem ao governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), petistas e peemedebistas votaram unidos nesta quarta-feira para derrubar os requerimentos que pediam a convocação do chefe do Executivo fluminense pela CPI do Cachoeira. Somados senadores e deputados, o PT e o PMDB contribuíram com oito votos. Governistas de outros partidos e parlamentares da oposição também ajudaram a derrubar a convocação e Sérgio Cabral se livrou temporariamente da CPI por 17 votos a 11.
No caso do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), além dos sete parlamentares da oposição, sete governistas votaram por sua convocação pela comissão de inquérito – entre eles o senador Pedro Taques (PDT-MT) e o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ). A senadora independente Kátia Abreu (PSD-TO) ajudou a aumentar o placar anti-Agnelo. Assim como já haviam feito no requerimento envolvendo Sérgio Cabral, PT e PMDB votaram unidos para tentar livrar o governador petista. Contudo, a presença de Agnelo acabou aprovada por apertados 15 votos a 13.
Assim que terminaram as votações, o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), acusou tucanos e peemedebistas de terem se aliado num conluio para convocar Agnelo e poupar Sérgio Cabral. “Há um acordo para politizar a CPI”, disse. “Mas isso é bobagem. Com o tempo a farsa vai ser desmascarada”. A tese tem por base o fato de os tucanos Cássio Cunha Lima (PB), Carlos Sampaio (SP) e Domingos Sávio (MG) terem votado em favor de Cabral.
“O Sergio Cabral, em que pese a questão da amizade pessoal que pode ser uma coisa desprestigiosa para o cargo, não foi referido em nenhuma ligação até o presente momento comprovada com o esquema criminoso”, justificou Sampaio ao rejeitar a convocação do governador peemedebista. “Não há elementos suficientes para justificar a convocação do governador Sérgio Cabral, sobretudo porque o sigilo da Delta foi quebrado recentemente e será preciso fazer a análise disso para que restem a comprovação ou as suspeitas que possam recair sobre o governador”, argumentou Cunha Lima.
Nesta terça, o governador de Goiás, Marconi Perillo, cuja convocação foi aprovada por unanimidade, compareceu à CPI e encaminhou pedido para ser ouvido no colegiado. O tucano aparece nos grampos da Polícia Federal parabenizando o contraventor Carlinhos Cachoeira por seu aniversário e é suspeito de ter colocado autarquias do Executivo goiano à disposição das atividades criminosas do bicheiro.
Poupado pela CPI, Sérgio Cabral elogiou o trabalho dos parlamentares e disse que a comissão de inquérito não pode se transformar em “palanque político num ano eleitoral”. E avaliou: “Os parlamentares têm sido muito responsáveis”.
Fonte: Revista Veja

PERILLO VAI AO CONGRESSO E PEDE PARA DEPOR NA CPI DO CACHOEIRA

Paulo Celso Pereira, O Globo

O governador de Goiás, Marconi Perillo, surpreendeu os integrantes da CPI do Cachoeira ao aparecer nesta terça-feira no Congresso, se colocando à disposição para prestar depoimento imediatamente.

O presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), declinou da proposta, alegando que a sessão seria apenas administrativa.

– Me coloquei à disposição para prestar os esclarecimentos que forem necessários em relação ao meu governo, ao meu estado e à minha pessoa – explicou o governador.

Fonte: Blog do Zeca

DEMÓSTENES ADMITE AMIZADE COM CACHOEIRA E SE DIZ ‘VÍTIMA DE MALDADE’

O senador Demóstenes Torres (sem partido/GO) se disse ‘vítima da maldade’ ao depor ao Conselho de Ética do Senado nesta terça-feira, 29, no processo por quebra de decoro parlamentar por suspeitas de envolvimento com o contraventor Carlinhos Cachoeira.
Na apresentação de sua defesa, Demóstenes confirmou que conhecia Cachoeira, mas voltou a negar ter conhecimento sobre os negócios do contraventor. ‘Eu me relacionava com empresário que também se relacionava com cinco governadores. Todas as pessoas diziam que ele tinha vida social. (…) Eu tinha amizade sim com ele (Cachoeira)’, diz Demóstenes.
O senador julgou-se vítima do vazamento de informações das investigações da Polícia Federal em torno da organização de Cachoeira. ‘Tudo o que é divulgado foi feito com maledicência.
Ele diz que passa pelo ‘pior momento’ da sua vida e que pensou até em renunciar ao mandato. O parlamentar ainda disse que está com depressão, toma remédios para dormir, sem sucesso, e tem visto o distanciamento de amigos desde o final de fevereiro.
Ainda em sua defesa, o senador fez questão de apontar seu trabalho legislativo. Destacou que relatou cerca de 1,3 mil processos e apresentou 200 propostas no Senado. Entre elas, destacou ter relatado o Estatuto do Idoso, a Lei da Ficha Limpa e a Lei de Acesso aos Documentos Públicos.

Reiterando que não têm relações criminosas com Cachoeira, Demóstenes disse que os vazamento têm o intuito de ‘enxovalhar a sua reputação’. ‘Muita coisa que foi divulgada é desmentida pelos próprios áudios’, argumentou o parlamentar.

Escutas telefônicas da Polícia Federal, no entanto, mostram a preocupação do senador em esconder sua relação com a Delta Construções, empresa com ligações com Cachoeira. Segundo as autoridades, o parlamentar era uma espécie de ‘sócio oculto’ da empresa.
Em 8 de maio de 2011, o senador liga para o contraventor e menciona uma possível doação legal que teria recebido da empreiteira nas eleições de 2010 e demonstra estranhamento e preocupação. A conversa ocorreu durante uma crise envolvendo a empreiteira após reportagem da revista Veja, que abordava contratos de consultoria da Delta Construções com o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT).
Depois de falar ao Conselho de Ética, Demóstenes é aguardado na sessão da CPI do Cachoeira desta quinta-feira, 31.
Com informações de Ricardo Brito, da Agência Estado

DEMÓSTENES VAI TENTAR SE DEFENDER NESTA TERÇA-FEIRA NO SENADO

– Publicado por Robson Pires


O Globo – Depois de quase três meses em obsequioso silêncio, o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO, foto abaixo) voltará nesta terça-feira a falar publicamente no Senado sobre as denúncias que pesam contra ele.
Mas, ao contrário das peças oratórias de antes, usadas quase sempre para atacar o governo, Demóstenes terá a difícil missão de se defender no Conselho de Ética do Senado da acusação de quebra de decoro parlamentar por sua intensa e nebulosa atuação em defesa dos negócios do bicheiro Carlinhos Cachoeira.
Segundo o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, Demóstenes fará uma exposição inicial mostrando os pontos altos de seu mandato, para tentar convencer que teve uma atuação digna.
Em seguida, tratará de cada uma das acusações que lhe foram imputadas pela representação feita pelo PSOL e pelo relatório do senador Humberto Costa (PT-PE). Quando terminar a defesa, que deve durar meia hora, Demóstenes se colocará à disposição para perguntas. De acordo com seu advogado, ele responderá aos colegas.


GRAMPO MOSTRA QUE DEMÓSTENES TEMIA ‘FLAGRA’ DE ELO COM DELTA

Escutas telefônicas da Polícia Federal mostram a preocupação do senador Demóstenes Torres (ex-DEM, sem partido) em esconder sua relação com a Delta Construções. Segundo a PF, o parlamentar era uma espécie de ‘sócio oculto’ da empresa. Em 8 de maio de 2011, o senador liga para Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e menciona uma possível doação legal que teria recebido da empreiteira nas eleições de 2010 e demonstra estranhamento e preocupação.
‘Eu acho que eles fizeram uma doação oficial para mim’, diz, referindo-se à construtora Delta, de acordo com relatório da PF. O contraventor tranquiliza o senador: ‘Fez não. Você tá doido?!’ Demóstenes então completa: ‘É. Fez não, né? O João Gualberto que me ligou aqui. Se não fez é melhor ainda. Vou dar uma checada nisso.’ Cachoeira volta a negar a doação. ‘Fez não, moço.’ Minutos depois, Cachoeira liga para o senador. ‘Foi uma outra empresa.’ Demóstenes comemora. ‘Ok. Beleza. Maravilha.’
A apreensão é tanta que o contraventor liga novamente após dois minutos. ‘É uma usina de álcool. Uma usina não sei o quê’, diz. Aliviado, o senador responde que agora é hora de trabalhar para segurar qualquer investigação no Congresso. ‘A semana vai ser quente, mas depois esfria.’
A prestação de contas apresentada pelo senador ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostra que ele recebeu R$ 390 mil de cinco usinas de álcool.
A conversa ocorreu durante uma crise envolvendo a empreiteira após reportagem da revista Veja, que abordava contratos de consultoria da Delta Construções com o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT). Os parlamentares da oposição cobravam a presença de Fernando Cavendish, então presidente da Delta, no Congresso.
As escutas da PF mostram que Demóstenes cumpriu a promessa e atrapalhou o andamento das apurações e preservou a Delta, a pedido do contraventor.
Depois de conversar com o senador, Cachoeira liga para Cláudio Abreu, então diretor da Delta Centro-Oeste, e passa orientações. ‘Tá triste, Cláudio? Levanta a cabeça. Passa. Demóstenes ligou e falou que a imprensa nacional está atrás dele. Fala para o Fernando (Cavendish) que o Álvaro Dias (senador do PSDB) vai pedir a convocação dele, mas que não tem. O máximo que sair é convite. Ele vai se quiser, (fala) que é para ele não se preocupar.’ E completa: ‘A oposição vai subir em cima. Ele (Demóstenes) quer que a Delta se adiante. Põe uma nota amanhã cedo, na parte da manhã. O mais rápido possível para não dar muita moral para esse fato. Não alastrar’.
A relação entre o contraventor e a empreiteira nacional está na pauta da CPI do Cachoeira. Governistas tentam barrar requerimentos que tratem da quebra de sigilo da Delta nacional e sugerem que as investigações devem ficar restritas ao Centro-Oeste. Posição contrária aos parlamentares da oposição, que tentam ampliar a apuração, atingindo o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), e outros políticos da base aliada do governo federal.
Cassação. Hoje, Demóstenes prestará depoimento no Conselho de Ética do Senado para apresentar sua versão. O script de sua defesa está traçado: a intenção é destacar sua biografia técnica, contribuições nas comissões temáticas, passando ao largo das declarações polêmicas.
O senador pretende, ainda, ressaltar os votos obtidos em Goiás e se deter nos argumentos levantados pelo relator do caso na comissão, senador Humberto Costa (PT-PE).

AYRES BRITTO QUER JULGAMENTO DO MENSALÃO EM JUNHO OU AGOSTO

– Publicado por Robson Pires


O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Carlos Ayres Britto (foto), preparou dois cronogramas para o julgamento da Ação Penal 470, o processo do mensalão. No primeiro cenário, o início é previsto para junho, e na segunda opção, o julgamento começa em agosto.
Na primeira simulação, o julgamento começa no dia 4 de junho e termina no dia 22 de agosto, com oito semanas e 105 horas de duração. O recesso de julho é respeitado, mas os ministros têm que trabalhar no feriado de Corpus Christi.
Na segunda hipótese, o julgamento começa no dia 6 de agosto e termina no dia 20 de setembro, totalizando sete semanas. Essa versão prejudica a participação do ministro Cezar Peluso, que tem que se aposentar compulsoriamente até o dia 3 de setembro.
Nos dois cenários, as sessões ocorrem às segundas-feiras, quartas-feiras e quintas-feiras, com 5 horas de duração no período da tarde. Essa disposição de dias foi sugerida ontem pelo relator do processo, ministro Joaquim Barbosa, que sofre de problemas na coluna e não consegue ficar sentado por muitas horas.
O gabinete do presidente, responsável pelo estudo, ressalta que as simulações têm caráter informal, já que a data oficial só pode ser marcada pelo revisor do processo, ministro Ricardo Lewandowski.

SENADOR DEFENDE CASTRAÇÃO QUÍMICA PARA AUTORES DE CRIMES SEXUAIS

– Publicado por Robson Pires
Em pronunciamento nesta segunda-feira (21), o senador Ivo Cassol (PP-RO) voltou a cobrar a aprovação de projeto de sua autoria que prevê castração química para os autores de crimes sexuais contra crianças e adolescentes (PLS 282/2011).
Ele disse que a punição para os autores desses crimes se justifica, em vista do recente aumento no país desses casos em todas as regiões e classes sociais, inclusive em sua própria família.
De acordo com o projeto, a castração química dos condenados por pedofilia será decidida pelo juiz, com base em avaliação médica, explicou Ivo Cassol. Em sua opinião, o projeto não afronta os direitos humanos e “só quer tirar o que está atrapalhando a sociedade”.
– Não há qualquer desrespeito à dignidade das pessoas. Há, sim, defesa das crianças, dos adolescentes, da família – afirmou.

CONGRESSO FEDERAL, COM R$ 7,6 BILHÕES, GASTA MAIS DO QUE 7 ESTADOS BRASILEIROS

Orçamento da Câmara e do Senado para este ano também supera os recursos de 33 dos 38 ministérios

O orçamento previsto para o Senado e a Câmara dos Deputados em 2012 é maior do que o de 7 dos 27 estados brasileiros, segundo levantamento feito pela Gazeta do Povo. O valor estipulado para o Congresso Nacional é de R$ 7,6 bilhões e supera as receitas de Sergipe, Piauí, Alagoas, Rondônia, Acre, Amapá e Roraima. Diferentemente do parlamento nacional, os governos estaduais são responsáveis por arcar com despesas como pagamento de salários de professores e policiais, atendimento de saúde e execução de obras. Os estados que gastam menos que o Senado e a Câmara têm a atribuição de oferecer serviços básicos para populações que variam de 450 mil a 3,1 milhões de pessoas.

Somente as áreas centrais do governo federal – saúde, educação, defesa, obras de infraestrutura e programas sociais, como o Bolsa Família – consomem mais recursos do que o Congresso Nacional. O orçamento estabelecido para a Câmara Federal e o Senado é superior à previsão de despesas de 33 dos 38 ministérios do governo Dilma Rousseff. Ministérios como o da Justiça, da Integração Nacional, da Ciência e Tecnologia, da Fazenda e dos Transportes recebem menos recursos do que os despendidos para manter a estrutura ofertada a deputados federais e senadores. O orçamento do Congresso Nacional é maior do que gastam juntos os ministérios da Cultura, do Planejamento, de Minas e Energia, de Meio Ambiente, de Esportes e de Turismo.
As despesas expressivas do Congresso Brasileiro são um problema antigo. Um estudo divulgado em 2007 pela ONG Transparência Brasil mostrou que, dentre 12 países, o Brasil ocupava o segundo lugar na lista dos gastos mais altos com parlamentares, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. O gasto médio naquele ano, segundo o levantamento, seria de R$ 10,2 milhões por cada um dos 594 parlamentares – 81 senadores e 513 deputados.
Excessos

Para o coordenador da ONG Contas Abertas, Gil Castello Branco, esses valores possibilitam uma discussão sobre a representatividade do Legislativo federal. “O Congresso Nacional é um dos pilares da democracia. E democracia não tem preço. Mas, certamente, o custo é elevado e há espaço para questionamentos. O número de assessores parlamentares e valores de verbas indenizatórias, por exemplo, pode ser discutido”, diz. Cada deputado recebe mensalmente de R$ 23 mil a R$ 34 mil para despesas.

O professor de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB), David Fleischer, aponta os mesmos excessos. “Principalmente no que diz respeito ao Senado, a crítica é de que há muitos cargos comissionados. E o Senado ainda reluta em divulgar informações, como salários”. Para ele, falta transparência na questão das verbas indenizatórias. “Além de ser um valor alto, não é bem justificado, com as notas ficais adequadas”, diz.
No início do mês, o Senado aprovou o projeto de decreto legislativo que suspendia o pagamento de 14.º e 15.º salário para os parlamentares. Nos últimos oito anos, foram gastos R$ 34,6 milhões com os rendimentos extras para senadores. Para Castelo Branco, o cancelamento dessa ajuda de custo é uma prova concreta de que as gastos do Congresso podem ser revistos. “Trata-se de um benefício absolutamente indevido. Os representantes não podem ter um ganho diferente do cidadão brasileiro”, defende. O alto custo do Congresso também está ligado ao subsídio pago aos mais de 594 parlamentares, que recebem R$ 26,7 mil – equivalente ao de um ministro do Supremo Tribunal Federal.
Senado
Ao custo de R$ 500 mil, plano de corte de gastos foi engavetado
Ao menos o Senado já teve uma chance real de reduzir despesas. Inclusive pagou para saber como cortar custos. Em 2009, depois da revelação de que havia 181 diretorias na Casa, incluindo as de “garagem” e de “check-in” no aeroporto de Brasília, o Senado contratou a Fundação Getulio Vargas (FGV) para estabelecer um plano de reforma administrativa.
Ao custo de R$ 500 mil, o levantamento preparado pela FGV indicava a necessidade de cortar pela metade os cargos de chefia e reduzir o número de servidores em 25%. Segundo o estudo, isso não prejudicaria o gerenciamento da Casa. Isso geraria uma economia de até R$ 7,8 milhões por ano. Mas os senadores não gostaram da proposta e arquivaram o projeto.
Passados três anos, pouca coisa mudou nos gastos do Senado desde o escândalo dos atos secretos (que escondiam a nomeação de diretores e funcionários, que não eram publicados em diário oficial). Apenas alguns cargos foram cortados. Duas outras propostas de reforma administrativa chegaram a ser debatidas. Ambas estabelecem redução de gastos com pessoal. No mês passado, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado rejeitou as propostas.
Colaborou Gisele Barão, especial para a Gazeta do Povo

CPI RECHAÇA AMEAÇAS À IMPRENSA

 – Da revista Veja

Presidente cassado por corrupção e representantes do partido que operou o mensalão queriam usar caso Cachoeira para perseguir VEJA. Recuaram

Gabriel Castro e Laryssa Borges

A CPI do Cachoeira rechaçou nesta quinta-feira uma tentativa de agressão à imprensa livre. O senador Fernando Collor (PTB-AL), o único presidente da história a ser cassado por corrupção, havia apresentado um requerimento pedindo à Polícia Federal (PF) todos os diálogos entre Carlinhos Cachoeira e Policarpo Júnior, chefe da sucursal de VEJA em Brasília.  O pedido, regimentalmente injustificável, tinha um objetivo claro: intimidar o trabalho da imprensa investigativa. A tentativa de intimidação teve o efeito inverso.
A reação à tentativa de Collor e seus mais novos amigos, os petistas, gerou discursos notáveis em defesa da liberdade de imprensa. O debate teve início porque o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), havia incluído o requerimento em uma extensa lista que seria votada – e aprovada – em bloco. O anúncio provocou uma mobilização imediata de parlamentares da base governista e da oposição. Eles lembraram o óbvio: a Polícia Federal isentou o jornalista de VEJA e definiu os contatos como mera relação de uma fonte com um repórter investigativo.
O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) – aliado do PT e do governo Dilma – pôs-se de pé e proferiu um discurso memorável em defesa da imprensa livre: “Ninguém sabe do mundo da corrupção, quer seja do mensalão, quer seja de outros casos, ninguém pode saber desses casos conversando com perfis apenas como o da madre Teresa de Calcutá”, afirmou. “Ouvimos dois delegados de polícia. A sessão foi secreta, mas seu conteúdo não o pode ser nesse momento. Perguntei se houve crime e peremptoriamente a resposta foi não”, afirmou, em referência aos investigadores Raul Alexandre Marques e Matheus Mella Rodrigues, ouvidos pela CPI do Cachoeira nas últimas semanas.

O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) também condenou a iniciativa: “Não há como aceitar qualquer tipo de ameaça, por velada que seja, à liberdade de expressão e à liberdade de imprensa”, disse ele, lembrando que não houve qualquer ilegalidade por parte de Policarpo. “Estou estarrecido. É uma afronta à liberdade de expressão consagrada na Constituição. É uma revanche ou busca de submeter essa CPI a um prazer pessoal”, disse o deputado Rubens Bueno (PPS-PR)

O senador Pedro Taques (PDT-MT), que fez carreira como procurador de Justiça, foi enfático: “Esse requerimento é absolutamente inconstitucional, é de uma inconstitucionalidade chapada. O requerimento é absolutamente ridículo. Pinçar dados apenas do senhor Policarpo se revela como vingança, autoritarismo. A CPI não é um instrumento de vingança de parlamentares contra órgãos de imprensa”, afirmou.
Vergonha – Collor também teve de passar pelo constrangimento de ouvir um colega de partido, o deputado Sílvio Costa (PTB-PE), fazer um apelo direto pela retirada do requerimento. Costa também se dirigiu aos petistas, que haviam apoiado a tentativa de intimidação: “O PT precisa de autocrítica e está colocando o coração antes da razão. Não se pode convocar um jornalista que prestou serviço à democracia do Brasil, que mostrou à opinião pública que a corrupção está muito forte”.
A senadora Kátia Abreu (PSD-TO) reforçou o discurso do colega: “O jornalista vai aonde está a informação e às vezes a informação está no inferno, não está no céu”. Foi ela, aliás, quem destacou uma questão técnica que só reforçava o absurdo do requerimento de Collor: além de persecutório, o pedido não fazia sentido porque a CPI votaria, em seguida, um requerimento pedindo a íntegra de todos os áudios obtidos até agora pela Polícia Federal.
Foi a intervenção da senadora que permitiu ao relator Odair Cunha desistir da empreitada sem admitir a derrota: “Diante da fala da senadora Kátia Abreu sobre o problema da prejudicialidade e para que não venham com nenhum tipo de generalização, vou encaminhar pela prejudicialidade desse requerimento”, afirmou o petista.
O senador Humberto Costa (PT-PE) e o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que haviam apoiado o senador alagoano, se calaram. Collor foi deixado só. Como única saída, aceitou a decisão do relator. As tentativas de intimidação não devem cessar com a primeira derrota de Collor e do PT na CPI. Mas o Parlamento demonstrou estar atento às ameaças à liberdade de imprensa.
Veja o que disseram os parlamentares contrários à tentativa de intimidação:
Deputado Miro Teixeira (PDT-RJ): “Vou citar de cor, mas lhes garanto que, em poucos minutos, posso acessar aqui o computador e lhes trazer decisão do Supremo Tribunal Federal, com voto condutor do Ministro Celso de Melo, afirmando que a função do jornalista é investigar. Ele tem o dever de investigar, e ninguém sabe do mundo da corrupção, quer seja do mensalão, quer seja de outros casos de corrupção como já examinamos aqui nesta CPI, ninguém pode saber desses casos conversando exclusivamente com perfis como o da Madre Teresa de Calcutá. O jornalista de investigação, a exemplo do policial, conversa, sim, com pessoas próximas ao crime. Senão, não obtém as informações”.
Senador Alvaro Dias (PSDB-PR): “Um estadista norte-americano afirmou: ‘Entre um governo sem imprensa e uma imprensa sem governo, prefiro a última alternativa’. E não há como não verificar, em determinadas incursões nesta Comissão Parlamentar de Inquérito, uma velada ameaça à liberdade de imprensa, que temos de repudiar com a veemência e a contundência possíveis. A tentativa que se faz hoje, por exemplo, afronta a legislação vigente no País, desde a Constituição – e não tenho tempo para citar os artigos –, o Código de Ética dos jornalistas brasileiros,o  Código de Conduta dos Jornais, o Código Civil, o Código de Processo Civil, o Código de Processo Penal, a Convenção Americana de Direitos Humanos, a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Esse requerimento é uma afronta a todos esses documentos legais do país e internacionais (…) Seria um precedente pernicioso e inominável, senhor Presidente! É uma indignidade tentar trazer aqui, como réu, um jornalista que apenas cumpriu o seu dever, que exercitou a sua profissão com dignidade, e essa atividade com dignidade foi aqui sustentada por dois delegados, em sessão secreta, que não admitiram ter havido qualquer ilícito praticado por esse jornalista ou por qualquer outro jornalista”.
Senador Pedro Taques (PDT-MT): “Esse requerimento, com respeito ao seu autor, é ridículo, porque – e vou falar com referência às próprias palavras do seu autor – ele diz ‘pincemos’. Pinça é um instrumento que se utiliza para separar do todo; pinça é algo que se revela como vingança; pinça é algo que se revela como autoritarismo. Voto contra. O PDT não aceita perseguição. Por isso, senhor presidente, este requerimento é inconstitucional, ofende tratados internacionais, como o Pacto de São José da Costa Rica, a Declaração Universal de 1948. Ele é absolutamente inconstitucional”.
Senadora Kátia Abreu (PSD-TO): “O jornalista vai aonde está a informação. E, às vezes, essa informação está no inferno; não está no céu, não. Jamais esse jornalista poderia encontrar informações sobre o crime organizado do senhor Carlinhos Cachoeira com os senadores do bem, com pessoas do bem. Infeliz ou felizmente, os jornalistas têm o direito, garantido pela Constituição, de ir até às profundezas do inferno para procurar as informações para trazer à luz da sociedade (…) O Brasil não é a Venezuela, não é a Argentina e não vai caminhar por essa direção”.
Deputado Rubens Bueno (PPS-PR): “Isso é uma afronta à liberdade de expressão, consagrada na Constituição Cidadã do Brasil. Isso não é absolutamente nada a não ser uma revanche ou busca de submeter esta CPI a um prazer pessoal de responder a alguém por este ou aquele momento da vida pública do País. E nós não podemos concordar com isso (…). Isso é um sentimento totalitário. E não podemos, de forma alguma, avalizar esse sentimento presente neste requerimento”.
Deputado Sílvio Costa (PTB-PE): “Eu quero saber se, realmente, o mensalão era uma mentira. Não era, porque tem 40 aí complicados. Quero saber se aquela matéria do Ministério dos Transportes era mentira. Ela também não era, e tem muita gente complicada. VEJA não compactuou com a corrupção nem prejudicou a democracia. Nós não podemos transformar esta CPI numa espécie de paraíso do revanchismo (…).  Nós passamos 20 anos neste país com a imprensa calada. Nós passamos 20 anos neste País com os censores dizendo: ‘Isso pode sair; isso não pode sair’. O PT lutou pela democracia neste País. O PT é sócio da democracia neste País. O PT não pode negar a sua história. O PT precisa fazer uma autocrítica. O PT está botando o coração antes da razão. O PT está errado! Não se pode convocar um jornalista que prestou um serviço à democracia do Brasil. Não se pode convocar um jornalista que mostrou para a opinião pública do Brasil que a corrupção está muito forte. Isso é um erro do PT(…). Senador Collor, o senhor tem uma oportunidade histórica, porque com Alagoas o senhor já se reencontrou, o senhor tem oportunidade de se reencontrar com o Brasil. Eu lhe faço um apelo: o senhor poderia retirar esse requerimento. Esse requerimento não ajuda o país, não ajuda a democracia. Senador Collor, reencontre-se com o país”