DO JORNAL DE FATO
A Procuradoria Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte (PRE-RN) avisou com antecedência: políticos com problemas nos Tribunais de Contas e na Justiça não insistam com candidaturas porque terão os registros impugnados. E assim está sendo procedido.
O pedido de impugnação de candidaturas ultrapassa a casa de duas centenas em todo o Estado. Só na Grande Natal, foram ajuizadas quase 160 ações.
O Ministério Público Eleitoral está cumprindo à risca a sua missão, que é evitar que os chamados “fichas sujas” disputem as eleições municipais 2012.
Na região de Mossoró, alguns casos já eram esperados, como os dos ex-prefeitos João Dehon da Silva e José Bruno Filho, respectivamente, de Grossos e Areia Branca. Quando administraram seus municípios, não tiveram zelo com o bem público. Ambos se enquadram na Lei da Ficha Limpa.
O caso de Bruno é ainda mais grave, uma vez que, além de ter tido suas contas reprovadas em parecer técnico do TCE-RN, ele enfrenta problemas na Justiça Eleitoral devido a supostos crimes cometidos em eleições passadas. Foi condenado por isso. Bruno chegou a ser alertado que enfrentaria dificuldades na hora de registrar a candidatura.
O atual prefeito do município, Sousa (PP), não queria apoiá-lo por temer situação desconfortável, como a que está acontecendo agora.
Os casos de Bruno e João Dehon somam-se a muitos outros que desafiam a determinação da Justiça Eleitoral de aplicar corretamente a Lei da Ficha Limpa e que, certamente, sofrerão decepção.
Ontem, em Natal, a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia, deixou claro que os juízes devem garantir a aplicação da lei moralizadora e que isso ocorrerá com muito vigor.
“Somos uma instituição com crédito para a sociedade brasileira e devemos preservar essa postura”, afirmou, diante do presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RN), desembargador Saraiva Sobrinho, e de uma plateia formada por todos os juízes que vão cuidar das eleições nos 167 municípios do Rio Grande do Norte.
Foi um recado, em forma de mensagem, devidamente compreendido. Esse é o sentimento. Então, quem ainda não entendeu a nova realidade vai se decepcionar. Vamos presenciar as eleições dos fichas limpas como início de novo tempo na política brasileira. Não resolverá todos os problemas, é bem verdade, mas já será um alento ao eleitor que almeja a seriedade na política e na vida pública do país.
Fonte: Jornal de Fato