[leia] Má distribuição geográfica de médicos provoca caos na saúde

Há poucos anos as longas filas de espera eram um problema rotineiro enfrentado pela população na rede pública de assistência à saúde. Entretanto, agora a dificuldade das pessoas para conseguir atendimento médico foi ampliada, compreendendo até mesmo o serviço particular oferecido pelos consultórios e clínicas.

A causa do problema e da dificuldade por atendimento, de acordo com o Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Norte (CRM/RN), não seria consequência da falta de médicos no Estado, mas trata-se do resultado da má distribuição de profissionais entre cidades polos e interior.

Segundo o presidente do CRM/RN, Jeancarlo Cavalcante, atualmente existe cerca de cinco mil médicos atuando no RN. Para ele, esse número de profissionais é considerável e satisfatório para atender à demanda. Porém, o presidente explica que a distribuição geográfica dos médicos é desproporcional, principalmente em Natal e Mossoró em relação às demais cidades do Estado.

“O número é suficiente, mas a má distribuição geográfica dos médicos dificulta assistência médica à população. Esse fator é o grande causador desse problema, provocando o déficit de doutores no interior”, revela.

A falta de atrativos para atuação aliado às condições de trabalho, na ótica do especialista, seriam os motivos para carência de médicos no interior do RN. “No interior não há um número de médicos suficiente devido às condições de trabalho e de vida também, já que é necessário residir nas cidades de pequeno porte”, ressalta o presidente Jeancarlo.

Conforme o presidente do Conselho, uma alternativa para levar os médicos para os municípios menores seria a implantação de uma espécie de “Carreira de Estado” para médicos. “Assim como existe no Judiciário, essa é uma maneira para solucionar o desequilíbrio da distribuição dos médicos. Já existe a proposta, ela está esperando aprovação para entrar em vigor”, acrescenta.

No entanto, dentre as especialidades da medicina, uma apresenta um déficit superior. Trata-se da pediatria, que enfrenta a recusa para atuação da nova geração de médicos. Além disso, a explicação para faltar mais pediatras do que especialistas de outras áreas começa nas faculdades: os alunos recém-formados em medicina preferem optar por outras especialidades ao invés da pediatria devido a baixa remuneração.

“A falta de pediatra é um problema de âmbito nacional. Os novos médicos não querem ter como única fonte de renda as consultas médicas, pois além de ser um valor baixo, há poucos procedimentos. Por este motivo não há atrativos”, enfatiza o presidente do CRM/RN.

Maior parte dos recÉm-formados em medicina apÓs residÊncia médica nas capitais não retorna Às cidades de formação

No próximo dia 12 de maio, a Faculdade de Ciências da Saúde, da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern), forma a primeira turma do curso de Medicina. Teoricamente esses novos profissionais serão lançados na rede de assistência à saúde em Mossoró. Espera-se com isso uma ampliação no número de médicos.

Entretanto, segundo o presidente do Conselho Regional de Medicina, mais da metade dos formandos após residência médica (modalidade de ensino de pós-graduação, destinada a médicos, sob a forma de cursos de especialização) em outros estados não retorna aos municípios onde cursaram medicina.

“A princípio ao concluir o curso de Medicina, o formando torna-se um clínico geral e é natural a busca por especialização por meio de residência médica. Mas, grande parte desses médicos não volta. Eles acabam optando pelas capitais para campo de atuação”, conta Jeancarlo.

Ele diz que os benefícios que são gerados à população por meio da Faculdade de Medicina ocorrem durante a permanência dos alunos no curso. “Enquanto eles estão cursando melhora a qualidade e oferta de atendimento, pois os estudantes auxiliam no acolhimento ao cumprir horas em hospitais locais”, conclui o presidente do CRM/RN.

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