A equipe de reportagem esteve ontem na Residência Universitária Campus 3, e encontrou um dos estudantes que estavam na filmagem da festinha na residência. Trata-se do aluno do último período do curso de pedagogia, Luiz Gomes da Silva, 24, que por sinal era membro do Conselho de Administração das Residências Universitárias (CARU). Segundo o estudante, a festa foi realizada em 2008 e tratava-se realmente do aniversário de um colega. Ele reconhece que, devido à falta de lazer para os residentes, os alunos costumam fazer comemorações regadas a bebidas, geralmente nos finais de semana, mas que isso é normal no ambiente universitário.
Ele cita as festas do Diretório Central dos Estudantes (DCE) que normalmente comercializam bebidas alcoólicas e muitos estudantes até chegam a usar drogas como maconha. “Tudo isso, historicamente, tem feito parte do ambiente universitário e se agora quiserem reprimir esse comportamento tem que se fazer na universidade como um todo, inclusive na própria Reitoria onde qualquer festa é regada a coquetel chique e muito uísque. Querer que não entre bebida em um espaço de 400 homens, é o mesmo que está falando de convento e não de residência universitária”, justifica ele.
Reitoria
Entrevistado por telefone, o vice pró-reitor de Assuntos Estudantis da UFRN, Paulo Roberto Paiva Campos, disse que a Reitoria ainda não teve acesso ao vídeo publicado pelos estudantes, mas tão logo conseguirem vão mandar decodificar para colher todas as provas que poderão compor um inquérito administrativo para apurar responsabilidades. Ele informa que a Resolução prevê, para esse tipo de comportamento um agravamento de penalidade, advertência verbal, advertência escrita e até expulsão da residência. “Nós vamos iniciar todo processo de apuração da denúncia que começa com a investigação, notificação, defesa, julgamento e punição”, garante o vice pró-reitor de Assuntos Estudantis.
Reuniões partidárias servem de pretexto
Outro estudante conta ainda que muitas farras têm o rótulo de reunião de partidos para poder justificar a presença de pessoas que não moram nas residências. “Ao invés dos debates acalorados que envolvem normalmente as reuniões partidárias, o que vemos é muita bebida, algazarra e maconha”, denuncia. Quanto às mulheres que chegam à residência, vêm com o discurso que são irmãs dos residentes. “Como pode uma irmã vir aqui apenas para dormir com o irmão?”, questiona.
Mas o estudante também conta que as drogas são um problema existente não apenas nas residências universitárias, mas na maioria dos setores de aulas da UFRN. Ele citou o Centro de Biociências e o Setor II onde, a qualquer hora do dia e da noite, seria comum presenciar alunos fumando maconha sem o menor constrangimento.