DENÚNCIA DE FARRAS NA UFRN ENVOLVEM A RESIDÊNCIA UNIVERSITÁRIA

Uma garrafa de cachaça, um violão, uma frigideira com linguiça e uma boa música para animar o ambiente foram os ingredientes necessários para uma festinha de aniversário de um aluno da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Tudo muito certo e legal se o cenário que o grupo encontrou para fazer a festa, não fosse a Residência Universitária “Campus 3”, onde é proibida qualquer manifestação que envolva bebidas alcoólicas. A farra dos estudantes virou vídeo e foi parar no Youtube e agora vem à tona após as denúncias publicadas na edição do Diário de Natal do último sábado de que um grupo de quinze estudantes estaria morando irregularmente nas residências universitárias da UFRN.O vídeo foi encaminhado para o Diário de Natal por um leitor que afirma serem frequentes as farras no ambiente da residência universitária, regadas a cachaça, com mulheres e até drogas. No próprio vídeo, os alunos descrevem o ambiente da cozinha da residência, onde têm acesso ao fogão para preparar o tira-gosto e a geladeira de onde retiram um litro de bebida. Cerca de dez alunos, todos do sexo masculino, participam da festa apresentada no vídeo. A Resolução nº. 46 que regulamenta a utilização das residências universitárias, proíbe a ingestão, o porte e até a guarda de bebidas alcoólicas no ambiente universitário.

A equipe de reportagem esteve ontem na Residência Universitária Campus 3, e encontrou um dos estudantes que estavam na filmagem da festinha na residência. Trata-se do aluno do último período do curso de pedagogia, Luiz Gomes da Silva, 24, que por sinal era membro do Conselho de Administração das Residências Universitárias (CARU). Segundo o estudante, a festa foi realizada em 2008 e tratava-se realmente do aniversário de um colega. Ele reconhece que, devido à falta de lazer para os residentes, os alunos costumam fazer comemorações regadas a bebidas, geralmente nos finais de semana, mas que isso é normal no ambiente universitário.

Ele cita as festas do Diretório Central dos Estudantes (DCE) que normalmente comercializam bebidas alcoólicas e muitos estudantes até chegam a usar drogas como maconha. “Tudo isso, historicamente, tem feito parte do ambiente universitário e se agora quiserem reprimir esse comportamento tem que se fazer na universidade como um todo, inclusive na própria Reitoria onde qualquer festa é regada a coquetel chique e muito uísque. Querer que não entre bebida em um espaço de 400 homens, é o mesmo que está falando de convento e não de residência universitária”, justifica ele.

Reitoria

Entrevistado por telefone, o vice pró-reitor de Assuntos Estudantis da UFRN, Paulo Roberto Paiva Campos, disse que a Reitoria ainda não teve acesso ao vídeo publicado pelos estudantes, mas tão logo conseguirem vão mandar decodificar para colher todas as provas que poderão compor um inquérito administrativo para apurar responsabilidades. Ele informa que a Resolução prevê, para esse tipo de comportamento um agravamento de penalidade, advertência verbal, advertência escrita e até expulsão da residência. “Nós vamos iniciar todo processo de apuração da denúncia que começa com a investigação, notificação, defesa, julgamento e punição”, garante o vice pró-reitor de Assuntos Estudantis.

Reuniões partidárias servem de pretexto


Para alguns estudantes que não quiseram se identificar, está na hora da UFRN acabar com esse tipo de abuso por parte de alunos. “Enquanto muita gente não consegue vaga, muitos têm a residência como um ponto de encontro para as farras. Por três anos eu tive que trancar matrícula porque não tinha uma casa para morar em Natal. Hoje, vejo as injustiças que ocorrem aqui: pessoas com emprego de boa remuneração e outros fazendo uso das residências para consumir álcool e drogas não dando a mínima para frequentar as aulas, chegando até ser jubilado”, reclama.

Outro estudante conta ainda que muitas farras têm o rótulo de reunião de partidos para poder justificar a presença de pessoas que não moram nas residências. “Ao invés dos debates acalorados que envolvem normalmente as reuniões partidárias, o que vemos é muita bebida, algazarra e maconha”, denuncia. Quanto às mulheres que chegam à residência, vêm com o discurso que são irmãs dos residentes. “Como pode uma irmã vir aqui apenas para dormir com o irmão?”, questiona.

Mas o estudante também conta que as drogas são um problema existente não apenas nas residências universitárias, mas na maioria dos setores de aulas da UFRN. Ele citou o Centro de Biociências e o Setor II onde, a qualquer hora do dia e da noite, seria comum presenciar alunos fumando maconha sem o menor constrangimento.


Fonte: DN Online

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