ALEMANHA CONFIRMA ENVIO DE TANQUES À UCRÂNIA APÓS PRESSÃO DE ALIADOS

O governo da Alemanha confirmou nesta quarta (25) o envio de um primeiro esquadrão de 14 tanques Leopard-2 e a liberação do fornecimento do modelo por outros países para apoiar o esforço de guerra da Ucrânia contra a Rússia, que a invadiu há 11 meses. Berlim tem 376 blindados do tipo.

“A decisão segue nossa conhecida linha de apoiar a Ucrânia da melhor forma possível”, disse em nota o premiê Olaf Scholz. Revelada na véspera pela revista Der Spiegel, a medida também abre a porta para que outros países da Otan (aliança militar ocidental) doem Leopard-2 de seus estoques.

Isso ocorre porque Berlim detém a licença de reexportação do modelo, prevalente nos arsenais europeus: 12 países do continente operam cerca de 2.300 tanques. Na véspera pela Polônia de envio de também 14 tanques –o equivalente militar a um esquadrão.

Varsóvia opera 244 tanques do tipo, 97 dos quais do modelo mais antigo A4, que quer mandar a Kiev. O pedido exíguo testou a disposição alemã, já que o governo de Scholz adiava o movimento. Finlândia e, agora, Noruega também indicaram querer enviar alguns Leopard-2.

Além disso, o jornal americano The Washington Post publicou reportagem dizendo que o governo de Joe Biden mudou de ideia e considera a hipótese de fornecer os poderosos, caros e difíceis de operar tanques M1A2 Abrams para Kiev. Resta saber se o vazamento visava pressionar os alemães ou é para valer, o que fará subir a já dura retórica russa de retaliação na guerra.

Também não está claro de onde virão os blindados alemães. Se forem de estoque, a fabricante Rheinmetall havia estimado que a preparação para a volta à ativa demoraria até o fim do ano. Além disso, estima-se que o treinamento de uma equipe completa para operar os tanques dura de três a seis semanas, por baixo.

Isso é necessário porque a Otan não se envolve com tropas na guerra, visando evitar uma escalada que elevaria à Terceira Guerra Mundial no limite. Mas Moscou já protestou contra o envio dos tanque, em si uma subida de degrau no apoio militar até aqui.

A decisão encerra semanas de pressão de seus aliados no apoio à resistência da Ucrânia contra a invasão russa, a Alemanha cedeu e vai permitir não só o envio de tanques de sua fabricação operados por outros países para Kiev, mas também mandar um número incerto de blindados de seu Exército.

Na sexta-feira passada (20), o chamado Grupo de Contato, que reúne os 30 países da Otan mais outros 20 aliados, discutiu o caso. A Ucrânia pede os tanques, arma ofensiva até aqui não fornecida pelo Ocidente, para montar ataques contra os russos nos próximos meses.

O presidente Volodimir Zelenski pediu pressa, já que Moscou tem colhido vitórias no leste e no sul do país, algo que não acontecia desde meados do ano passado, e sua campanha de degradação da infraestrutura energética do país tem cobrado um preço da população civil. Nesta terça-feira (24), ele promoveu um grande expurgo de autoridades no país, o que sugere tensões internas.

O motivo central para a até aqui inapetência germânica de se envolver mais no conflito, arriscando um embate direto entre Otan e Moscou. Há fatores domésticos também, já que o pacifismo que guiou o país após os desastres do militarismo nos dois conflitos mundiais no século 20 é muito forte, e a ideia de tanques alemães em uso contra russos evoca memórias sombrias.

O Reino Unido já havia dito que vai mandar 14 modelos Challenger-2. Especialistas dizem que no mínimo cem tanques fariam alguma diferença, e Kiev quer três vezes mais.

Kiev tinha quase mil tanques antes da guerra e já perdeu quase metade disso, segundo dados do site holandês Oryx. No primeiro semestre de 2020, recebeu 230 T-72 soviéticos antigos da Polônia, modelo que já operava.

Tudo isso explica a pressa ucraniana. De todo modo, o Ocidente aprovou um suculento pacote militar na reunião de sexta, com blindados de infantaria, artilharia e tanques leves. Só os EUA darão mais US$ 2,5 bilhões (R$ 13 bilhões) a Kiev, elevando a US$ 26,7 bilhões (R$ 139 bilhões) suas doações militares.

Folhapress

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