[leia] Parente de vítima reclama de tratamento dado pela Noar

Na tarde da quarta (13), a Noar Linhas Aéreas realizou uma reunião com o objetivo de prestar apoio aos familiares das vítimas do acidente com o LET-410, pela manhã, em Boa Viagem. Nenhum veículo de comunicação foi autorizado a participar, mas o Jornal do Commercio teve acesso a um vídeo feito por um dos participantes: o empresário Marcelo Bezerra Marques, cunhado do cirurgião dentista Bruno Albuquerque, 42 anos, um dos passageiros mortos.
Marcelo demonstrou total insatisfação com o atendimento dispensado pela empresa, alegando falta de apoio, que, segundo ele, começou a ser demonstrada nas primeiras horas após a tragédia. “Ficamos sabendo da notícia pela televisão. Ninguém da empresa procurou, ao menos, entrar em contato com os familiares”, reclamou.


De acordo com Marques, familiares das vítimas chegaram ao hotel Atlante Plaza, em Boa Viagem, a partir das 9h, mas só foram atendidos às 15h. “E só havia representantes do IML e um homem que dizia ser funcionário da Noar, mas ele não tinha, sequer, um crachá de identificação. Esse homem estava acompanhado de mais umas cinco pessoas, que também não se identificaram”, protestou. 
O empresário afirmou, ainda, que apenas dois números de telefone e um e-mail foram disponibilizados. “Nós queríamos razão social, endereço e nome do responsável pela empresa. Para saber quem vai nos defender”, questionou. “A lista com os nomes das vítimas não nos foi entregue ou, ao menos, afixada na parede, somente lida rapidamente.”
O empresário também reclamou da ausência de entidades importantes como a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Ministério Público de Pernambuco (MPPE) ou algum delegado especializado. “Mas as pessoas (os familiares das vítimas) estavam preocupadas com a liberação dos corpos e com quem ia arcar com as despesas. Ontem, ainda não tinham começado a questionar a respeito dos danos materiais e psicológicos que o acidente pode provocar”, disse.
Durante a entrevista ao JC, Marcelo Bezerra fez questão de enfatizar que o seu objetivo não seria culpar alguém pela queda do avião, mas reclamar da omissão da Noar após a tragédia. “Não quero acusar ninguém, mas expor o meu ponto de vista a respeito do que aconteceu na reunião. Não tivemos orientação alguma da empresa”, desabafou.

Ao ser questionado a respeito do que ele esperava que fosse feito a partir de agora, Bezerra afirmou que vai entrar numa briga para que não haja impunidade. “Se houver comprovação de que houve falha humana, espero que a empresa seja fechada e as pessoas responsáveis, presas e condenadas. E que esses empresários da aviação brasileira comecem a respeitar os seres humanos, que são transportados como pacotes”, disparou, lembrando, emocionado, do sofrimento da família.

“Meu cunhado (o dentista Bruno Albuquerque) deixou uma esposa e dois filhos: um de 3 anos e uma bebê de dois meses. Quer ver o que é sofrimento? Vá à casa deles! Meu cunhado era um bom profissional, que produzia para o Estado. Resolveu viajar de avião para ganhar tempo, já que queria estar com os filhos ainda hoje (ontem) à noite. Agora, ele está morto e a família, sofrendo. E quem vai pagar?”

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