Roberto Carlos perdeu neste sábado, 16, a sua filha mais velha, Ana Paula, de 46 anos, que morreu em decorrência de uma parada cardíaca em circunstâncias ainda não averiguadas. Estava um fim de tarde bonito, com a lua já brilhando no céu, quando ela foi enterrada no Cemitério do Araçá, na presença da família e de fãs do rei. O cantor estava muito emocionado e seu filhos Dudu, de 42 anos, e Luciana, de 40, choravam compulsivamente.
Roberto Carlos preferiu olhar para o lado oposto ao do túmulo no momento do sepultamento, mas o sofrimento da família ainda se estenderia por mais tempo, já que o caixão teve de ser içado para fora outra vez, por volta das 17h45. Enquanto funcionários do cemitério martelavam para adaptar o caixão ao espaço reservado para ele, ao lado de onde está sepultada a mãe dela, Nice, primeira mulher de Roberto, a família, acompanhada pelos fãs, rezava sem parar.
Fátima, cunhada de Roberto — é casada com um dos irmãos do rei, Carlinhos –, falou em nome da família. “Ainda não caiu a ficha”, disse ela. “A impressão é de que vamos acordar e encontrar Ana Paula bem. Estamos anestesiados, todo mundo estava animado com a programação de comemoração do aniversário de Roberto”. Com a morte de Ana Paula, foi cancelado o show que o cantor faria no dia 19 para celebrar seus 70 anos de vida. Por fim, às 18 horas, foi concluído o selputamento e Roberto deixou o cemitério.
Na saída, um pouco mais calmo, Dudu Braga, o Segundinho, falou com a reportagem do iG. “Tenho muitas lembranças ao lado dela, me lembro de momentos felizes, a gente no Havaí pegando onda”, disse ele. “Ana era calma, serena, discreta, querida, companheira, tanto dos irmãos quanto do pai. Não tinha ninguém que não gostasse dela. Ela fará muita falta. Não é a toa que meu pai fez uma música para ela”, afirmou o filho do rei, citando a canção “Ana”.
A morte repentina de Ana Paula pegou a família toda de surpresa. O rei, que estava em São Paulo, foi avisado e se dirigiu ao apartamento da filha, em Moema. Ela passou mal durante a noite e morreu enquanto esperava socorro. De acordo com a assessoria do músico, só deu tempo de chamar o vizinho, que é médico, mas em vão.
Do apartamento da filha, Roberto cuidou pessoalmente dos detalhes do velório e do enterro.
Muito abalado, o cantor chegou por volta das 15 horas ao velório, que aconteceu no Hospital Albert Einstein, no banco do passageiro de um automóvel Escort preto. Desceu do carro obviamente consternado, de óculos escuros, e não parou para falar com a imprensa que já começava a se aglomerar no local.
Ex-mulher do cantor, Myriam Rios chegou ao hospital por volta das 16 horas. Bastante abatida, não quis falar com a imprensa nem na entrada e nem na saída do velório, cerca de uma hora depois. Nesse intervalo, chegou ao velório a cantora Wanderléa, que também entrou sem dar declaração.
Amiga da família, a publicitária Bia Aydar disse que “Roberto Carlos só chora”. Segundo a cantora Martinha, companheira do rei na época da Jovem Guarda, “Está todo mundo mundo triste com essa desagradável surpresa. Eles eram apaixonados um pelo outro, assim como Roberto é pelos outros filhos. Ele está do lado dela o tempo todo, imagina como está se sentindo. É um momento muito triste.” Filha da primeira mulher do cantor, Nice, Ana Paula sempre foi tratada como filha legítima — ele assumiu a paternidade e o nome de Roberto consta nos documentos oficiais como o pai — e era muito próxima do rei. Casada com Paulinho Coelho, músico da banda do cantor, assistia a muitos de seus shows e era a conselheira dos integrantes da banda para assuntos de moda e etiqueta. “Ela participava de todos os movimentos e opinava bastante em nosso trabalho”, contou o pianista Wanderley.
Assessora do cantor, Ivone Kassu falou que o rei pretende ficar mais uns dias em São Paulo para dar apoio aos outros filhos, Dudu e Luciana, que estão muito abalados. “O laudo da morte vai sair em 30 dias, aí saberemos o que aconteceu. No momento está todo mundo muito emocionado para entrar em detalhes”, declarou.
Quem deu a bênção ao corpo foi o padre Antônio Maria, o mesmo que deu a extrema unção para Maria Rita, a ex-mulher de Roberto que morreu em 1999 no mesmo hospital. Às 16h45, quando o cantor deixou o velório para se dirigir ao Cemitério do Araçá, estava de óculos escuros, lenço na mão, e não conseguia parar de chorar. Ainda não se sabe se Roberto Carlos estará presente à missa que está marcada para acontecer amanhã, no Rio de Janeiro, em memória de sua mãe, Lady Laura, que morreu há exatamente um ano.