[leia] Mantega: cidadãos pagam custo do ajuste fiscal na Europa

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse neste sábado que a tentativa de evitar uma reestruturação da dívida na Europa resultou em uma “injusta distribuição” dos custos do ajuste fiscal. Os programas do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da União Europeia para países desse continente envolveram um “draconiano ajuste fiscal”, assinalou Mantega perante o Comitê Monetário e Financeiro Internacional (IMFC), o principal órgão executivo do organismo.

O ministro ressaltou que, “frequentemente”, esses programas fracassaram na hora de reduzir o endividamento público e as vulnerabilidades no terreno econômico e financeiro. “Resta ver se os atuais esforços para evitar o contágio nos países periféricos da zona do euro terão êxito”, assinalou Mantega, que acrescentou que “enquanto isso, os cidadãos são obrigados a suportar a carga da crise”.

Mantega indicou como “igualmente preocupante” que as economias avançadas tentem “sair da crise através da exportação por suas difíceis situações econômicas”. “As políticas monetárias ultraexpansivas dos países avançados são o principal gatilho dos males econômicos de hoje”, acrescentou o ministro brasileiro.

Por isso, ressaltou como “legítimas” as medidas de “defesa própria” adotadas pelos países receptores de fluxos, entre as quais incluiu os controles de capital, perante “as pressões inflacionárias das matérias-primas e a valorização das moedas”.

Mantega citou o Brasil e a Colômbia como exemplos de países que estão “sofrendo o impacto adverso da valorização de suas moedas em sua competitividade externa”. “Estes países já estão suportando mais do que lhes corresponde no chamado processo de reequilíbrio global. Não podem aceitar mais valorizações de suas moedas”, assegurou.

Por isso, enfatizou que os governos “devem ter flexibilidade e discrição para adotar as medidas que considerem apropriadas” e rejeitou as diretrizes do FMI que “tentam constranger as respostas perante estes fluxos de capital voláteis”. Mantega concluiu dizendo que “Brasil continuará fazendo o que considera que é necessário e adequado a suas circunstâncias para enfrentar os desafios que surgem de grandes e voláteis fluxos de capital”.

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