No caso de Agnelo Queiroz, além dos sete parlamentares da oposição, sete governistas votaram pela presença do governador na comissão de inquérito
Laryssa Borges
O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (AE)
Confirmando a comprometedora mensagem de celular em que o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) garantia blindagem ao governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), petistas e peemedebistas votaram unidos nesta quarta-feira para derrubar os requerimentos que pediam a convocação do chefe do Executivo fluminense pela CPI do Cachoeira. Somados senadores e deputados, o PT e o PMDB contribuíram com oito votos. Governistas de outros partidos e parlamentares da oposição também ajudaram a derrubar a convocação e Sérgio Cabral se livrou temporariamente da CPI por 17 votos a 11.
No caso do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), além dos sete parlamentares da oposição, sete governistas votaram por sua convocação pela comissão de inquérito – entre eles o senador Pedro Taques (PDT-MT) e o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ). A senadora independente Kátia Abreu (PSD-TO) ajudou a aumentar o placar anti-Agnelo. Assim como já haviam feito no requerimento envolvendo Sérgio Cabral, PT e PMDB votaram unidos para tentar livrar o governador petista. Contudo, a presença de Agnelo acabou aprovada por apertados 15 votos a 13.
Assim que terminaram as votações, o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), acusou tucanos e peemedebistas de terem se aliado num conluio para convocar Agnelo e poupar Sérgio Cabral. “Há um acordo para politizar a CPI”, disse. “Mas isso é bobagem. Com o tempo a farsa vai ser desmascarada”. A tese tem por base o fato de os tucanos Cássio Cunha Lima (PB), Carlos Sampaio (SP) e Domingos Sávio (MG) terem votado em favor de Cabral.
“O Sergio Cabral, em que pese a questão da amizade pessoal que pode ser uma coisa desprestigiosa para o cargo, não foi referido em nenhuma ligação até o presente momento comprovada com o esquema criminoso”, justificou Sampaio ao rejeitar a convocação do governador peemedebista. “Não há elementos suficientes para justificar a convocação do governador Sérgio Cabral, sobretudo porque o sigilo da Delta foi quebrado recentemente e será preciso fazer a análise disso para que restem a comprovação ou as suspeitas que possam recair sobre o governador”, argumentou Cunha Lima.
Nesta terça, o governador de Goiás, Marconi Perillo, cuja convocação foi aprovada por unanimidade, compareceu à CPI e encaminhou pedido para ser ouvido no colegiado. O tucano aparece nos grampos da Polícia Federal parabenizando o contraventor Carlinhos Cachoeira por seu aniversário e é suspeito de ter colocado autarquias do Executivo goiano à disposição das atividades criminosas do bicheiro.
Poupado pela CPI, Sérgio Cabral elogiou o trabalho dos parlamentares e disse que a comissão de inquérito não pode se transformar em “palanque político num ano eleitoral”. E avaliou: “Os parlamentares têm sido muito responsáveis”.
Fonte: Revista Veja