Em 2020, das gestantes acompanhadas na Atenção Primária à Saúde (APS) do Sistema Único de Saúde (SUS), 51,9% apresentavam excesso de peso (que compreende o sobrepeso e a obesidade); e 76% consumiram algum alimento ultraprocessado no dia anterior da entrevista, conforme relatório público do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional, do Ministério da Saúde. Para a nutricionista Iraci Sabino, do Grupo Hapvida, uma alimentação saudável na gestação ajuda no desenvolvimento fetal, na saúde e no bem-estar da gestante. Além disso, previne o surgimento de diabetes gestacional, hipertensão e ganho de peso excessivo.
Iraci Sabino recomenda o consumo de uma grande variedade de alimentos in natura e minimamente processados, bem como a ingestão de água. “Estes itens vão ajudar a suprir a necessidade de nutrientes fundamentais para esse evento da vida, como ferro, ácido fólico, cálcio e vitaminas A e D”, explica a nutricionista.
“A gestante tem que dormir bem, comer bem e fazer uma atividade leve, se possível, dependendo do tipo de gestação e do período em que ela esteja. Ela deve dar prioridade a consumir frutas de forma controlada, no máximo cinco por dia, além de uma dieta com muitas folhas. Pode comer a carne, o ovo, o frango, vamos dar prioridade a fazer isso nas refeições”, assinala.
A especialista alerta a gestante para não fazer uso de alimentos ultraprocessados, refrigerantes, sucos industrializados e temperos, cigarro e bebidas alcoólicas. “É recomendável a redução do açúcar e ainda do sal, que é importante para controlar a pressão arterial e evitar a diabetes gestacional”, afirma.
Com base nos protocolos do Ministério da Saúde e da Associação Brasileira de Nutrição, Iraci Sabino dá dicas para gestantes sobre o guia alimentar.
Veja abaixo:
- Cuidado com a quantidade de sal e o uso de temperos industrializados. O alto teor de sódio e aditivos pode causar complicações na gestação e aumentar o risco de descompensação na pressão arterial; – É estimulado o consumo diário de feijão ou outras leguminosas, principalmente combinado com arroz, para manter bons níveis de fibras e de ferro, diminuindo a chance de desenvolver sobrepeso, além de auxiliar em quadros de constipação; – Especialmente para as gestantes que não consomem carne, é importante ingerir na mesma refeição leguminosas e frutas cítricas (laranja, acerola, limão, caju, etc) ou frutas ou legumes amarelo-alaranjados (como mamão, abóbora e cenoura); – Evite bebidas adoçadas, como refrigerante e suco de caixinha ou em pó, e também os adoçantes, que podem aumentar a probabilidade de nascimento prematuro e desenvolvimento de asma e sobrepeso em crianças, além de estarem associados a alterações metabólicas nas mulheres; – Evite os ultraprocessados, como macarrão instantâneo, salgadinhos de pacote, biscoitos/bolachas salgados ou recheados e guloseimas, pois o consumo desses alimentos pode aumentar a retenção de peso no pós-parto, especialmente se consumidos no último trimestre da gestação. Em gestantes adolescentes, os ultraprocessados estão relacionados ao maior peso dos bebês; – Consuma diariamente frutas, verduras e legumes, pois esses alimentos são excelentes fontes de vitaminas, minerais, fibras e antioxidantes, nutrientes essenciais durante a gestação. Seu consumo ajuda na prevenção de desfechos negativos, como nascimento prematuro, desenvolvimento de anomalias congênitas e ganho de peso gestacional excessivo; – Além disso, as fibras contribuem para o metabolismo glicêmico e o funcionamento saudável do intestino, ajudando a evitar a constipação intestinal, que pode ser comum nessa fase. E para reduzir custos e aumentar a qualidade, priorize legumes e verduras da época e da região e a aquisição desses alimentos diretamente dos produtores.