O Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) – organização social ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) – concluiu que a população de mestres e doutores é muito mais branca que a população como um todo. Os dados estão no levantamento publicado em Mestres 2012: demografia da base técnico-científica brasileira, lançado no dia 22 de abril. O estudo mostrou que enquanto nas estatísticas oficiais os brancos correspondem a 47% da população do País, quando analisada a cor da pele do contingente de pós-graduados o porcentual de brancos chega a quase 80%. Do total de mestres, por exemplo, só 3% são negros. E pardos representam 12% dos doutores.
Para a presidenta da Associação Nacional dos Pós-Graduandos (ANPG), Luana Bonone, esses dados refletem uma condição histórica do Brasil, em que os negros foram alijados de diversos espaços sociais, em especial os de formação educacional e profissional. “Trata-se de um retrato das consequências do racismo institucional ainda muito presente na universidade e em todas as instituições do nosso Estado. São milhões de talentos que poderiam estar produzindo conhecimento de qualidade nos campi brasileiro sendo desperdiçados todos os dias”, destaca. Para ela por este motivo é essencial que sejam formuladas, estimuladas e implementadas políticas de promoção da igualdade racial e políticas democratizadoras do acesso ao Ensino Superior, ainda muito elitizado no Brasil.
Os números do levantamento não surpreenderam o presidente do Conselho Nacional de Educação, José Fernandes de Lima. “Pensava que seria até maior o porcentual de brancos”, afirmou.
Segundo o professor da Faculdade de Educação da USP, Ocimar Alavarse, os números refletem a “seletividade” do sistema educacional brasileiro. “O quadro pode até se modificar nos próximos anos, quando formarmos nova geração de negros na educação superior”, diz, referindo-se à entrada desses alunos por ações afirmativas.
A presidenta da ANPG ressaltou ainda outra questão fundamental e que também tem impacto sobre a questão étnica.
“As assimetrias regionais presentes na pós-graduação brasileira são um escândalo: a soma dos programas de pós-graduação das Regiões Norte e Centro-Oeste não chegam a 10% do total nacional. Isso tem um impacto imenso em termos de desenvolvimento regional e desenvolvimento das potencialidades do nosso povo”, denunciou.
Da Redação com informações do O Estado de S.Paulo – Extraído do site da Une