O PESO DO HISTÓRICO DOS CANDIDATOS NA CONSTRUÇÃO DOS PROJETOS ELEITORAIS PARA O GOVERNO DO RN

Wilma é exemplo de construção de trajetória até chegar ao Governo

Por Bruno Barreto – Se o eleitor potiguar quer o “novo” porque nomes com tanto tempo na política são os favoritos para o Governo do Estado? Muitas perguntas se abrem, explicações de todos os tipos surgem.

Enxergo dois fatores como primordiais: história e bandeira de luta. Não é mero acaso que nenhum candidato pintou com alternativa viável aos nomes de Fátima Bezerra (PT) e Carlos Eduardo Alves (PDT), que hoje polarizam a disputa pelo Governo.

Isso não acaso, repito. Há uma lógica recorrente nas eleições que balizam este comentário.

Fátima Bezerra está disputando eleições desde 1994. Foi deputada estadual duas vezes, disputou a Prefeitura de Natal quatro vezes, foi eleita deputada federal em três oportunidades e hoje é senadora.

Carlos Eduardo Alves foi prefeito de Natal quatro vezes, deputado estadual outras quatro vezes e disputou o Governo do Estado em 2010.

Para furar um cerco deste tamanho é preciso ter uma bandeira de luta, uma marca registrada. Quem se apresenta como alternativa até aqui não conseguiu ir além de bons discursos, como o deputado estadual Kelps Lima (SD). Faltou algo que pegue na veia junto ao povão.

Desde a redemocratização ninguém chegou ao Governo do Estado sem ter um passado político, talvez a única exceção seja Geraldo Melo cujo o único mandato antes de vencer em 1986 tinha sido o de vice-governador. Mas é preciso lembrar que do outro lado estava um João Faustino, a época, também sem um passado consistente. Estava apenas no segundo mandato de deputado federal.

Mas vejam os casos seguintes. Antes de ser eleito em 1990, José Agripino tinha sido prefeito de Natal, governador e senador. Em 1994 (reeleito em 1998) Garibaldi Alves Filho fora prefeito de Natal, deputado estadual por quatro mandatos e senador antes de chegar ao governo. Em 2002 (reeleita em 2006), Wilma de Faria (PSB) fora prefeita de Natal três vezes, deputada federal e disputou o Governo do Estado em 1994. Em 2010, Rosalba Ciarlini tinha sido prefeita de Mossoró três vezes e eleita senadora quatro anos antes.

O atual governador Robinson Faria (PSD) é um caso que mostra a necessidade de um certo lastro histórico antes de chegar ao Governo. Em 2006, ele sonhou com o Senado, mas não se viabilizou. Em 2010 quis ser governador, mas terminou vice de Rosalba. Robinson exerceu seis mandatos de deputado estadual, foi presidente da Assembleia Legislativa por oito anos e vice-governador. Só com após enriquecer o currículo ele realizou ao sonho de ser governador em 2014 quando conseguiu derrotar o poderoso palanque de Henrique Alves.

O eleitor pode até sonhar com o novo, mas ao se deparar com a história das alternativas prefere dar mais um tempo para elas e apostar nos nomes mais calejados.

 

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