Com a entrada da nova safra de etanol e a normalização dos estoques nos postos de combustíveis de todo o País, a tendência é que os preços comecem a cair ainda esta semana nas bombas. A afirmação foi feita pelo vice-presidente executivo do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom), Alísio Vaz.
Pelas contas do Sindicom, o etanol anidro – que é misturado na proporção de 25% à gasolina – saiu de um patamar de R$ 1,24 no início de janeiro para R$ 2,70 no fim de abril – uma alta de 120%. Esse aumento acabou levando a uma elevação de R$ 0,30 a R$ 0,40 no preço final da gasolina, que saltou de R$ 2,60 para R$ 2,91 entre janeiro e a última semana. “A equação é simples e não há mistério: a safra foi curta, os preços aumentaram porque os estoques eram pequenos e o consumidor pagou mais caro em proporção ao aumento nas usinas”.
Como o etanol anidro é 25% da composição da gasolina e se ele aumentou R$ 1,46 desde o início do ano, um quarto desse valor poderia aparecer no preço da gasolina, o que dá R$ 0,36. Pela pesquisa da Agência Nacional do Petróleo (ANP), entre o início do ano e a semana passada o aumento médio da gasolina nas bombas foi de R$ 0,31. “O que está dentro da expectativa”, disse Vaz.
O Sindicom representa, em nível nacional, as principais companhias distribuidoras de combustíveis e lubrificantes do país, entre elas a Petrobras Distribuidora e a Shell – totalizando mais de 80% do volume de distribuição do setor. O mercado envolve a distribuição de 77,4 bilhões de litros de combustíveis e um faturamento anual de mais de R$ 150 bilhões.
O sindicato apoia a decisão do governo federal que, ao publicar a Medida Provisória 532, tornou a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) responsável por toda a cadeia de produção, movimentação e abastecimento de biocombustíveis (biodiesel e etanol) no País, inclusive pela importação e exportação de etanol.
A ANP já era responsável pela fiscalização e regulamentação dos derivados de petróleo e do biodiesel. Na avaliação do Sindicom, a decisão do governo de transferir para a agência a regulamentação de todos os biocombustíveis “é positiva, na medida em que a ANP poderá planejar melhor a logística de abastecimento, obviamente de forma coordenada com os produtores”.
“A agência já tinha o poder da regulamentação do mercado e da produção de biodiesel. Por questões tradicionais, o etanol não estava na esfera da ANP e isso foi equacionado, na medida em que a agência agora vai regular toda a produção de combustível – seja ele derivado de petróleo, biocombustível ou etanol”, disse à Agência Brasil o vice-presidemte executivo do Sindicom, AlísioVaz. “A forma como ela vai regular isso ainda é motivo de discussão, mas é coerente que a agência passe a regular toda a produção de combustíveis, uma vez que ela, por lei, é a responsável pelo abastecimento nacional”, acrescentou.
Para Alísio, a decisão também poderá ser decisiva para que o etanol venha a se transformar, de fato, em uma commodity energética. “Certamente a decisão significa um passo importante na transformação do etanol em commodity energética. Dessa forma, a participação, o envolvimento e a regulamentação da ANP é bem-vinda, principalmente se ela vier para estimular a produção de mais etanol para o abastecimento seguro e tranqüilo do país”, disse.