O coordenador da Comissão Permanente do Vestibular (Comperve), da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern), professor Egberto Mesquita, disse ontem que as provas do Processo Seletivo Vocacionado (PSV) 2012 não serão mais realizadas em dezembro deste ano, como vinha sendo anunciado.
“As atividades do PSV em dezembro estão prejudicadas por conta do movimento grevista”, disse. Porém, Egberto Mesquita evita fazer projeção de quando as provas serão realizadas, porque isso depende da duração da greve e das decisões a serem tomadas pelos conselhos universitários acerca do PSV e de outras questões internas.
“Ainda não temos noção de novas datas, se em janeiro, fevereiro ou março. Vamos esperar o desfecho da greve para determinamos quando as provas realmente serão realizadas, porque não trabalhamos com especulação. Mas dezembro será repensado, porque ainda temos uma série de coisas para aprovar”, disse,
Até o final do mês passado a postura da Comperve e da Reitoria era de acelerar etapas preliminares às provas, a fim de garantir aplicação em dezembro. Essas etapas preliminares são publicação de edital, prazo para inscrições; prazo para entrega de documentos e para produção de cartão do candidato. Mas com a incerteza acerca do desfecho da greve, as atividades de dezembro ficaram comprometidas.
A Associação dos Docentes da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Aduern) considera descabida a cogitação do Governo do Estado de pedir na Justiça a ilegalidade da greve na instituição. Segundo a representação dos professores, tal linha revela postura truculenta e arbitrária no relacionamento com o servidor público.
“Primeiro, gostaríamos de saber quais as razões que o Governo alegará para pedir a ilegalidade da greve. A partir daí vamos dar a nossa posição jurídica. Mas, de antemão, aconselharia os procuradores do Estado a olhar com mais atenção para a Constituição Federal”, diz o presidente da Aduern, Flaubert Torquato.
Segundo ele, o artigo 207 da Carta Magna garante autonomia universitária. E caso o Governo peça a ilegalidade da greve na Justiça, estará ferindo a Constituição Federal. “Além disso, caso isso aconteça, será a maior agressão contra a Uern da história, porque até hoje nenhum governo chegou a esse ponto”, acrescenta.
O Governo encaminhou a greve da Uern para análise da Procuradoria Geral do Estado (PGE), que discutirá a possibilidade de acionamento da Justiça mais detalhadamente neste final de semana. O secretário de Administração, Anselmo Carvalho, afirma que só volta a negociar com os professores com o fim da greve.
O professor diz achar descabida a cogitação de intervenção judicial na greve da Universidade e que tal postura passa longe do respeito ao direito de greve e da livre manifestação de pensamento e de expressão. “Isso é um delírio”, acrescentando que o posicionamento do Governo só tem fortalecido a paralisação, que já dura 67 dias.
Prova disso, segundo Flaubert, foi a assembleia de anteontem, a segunda maior deste ano, com cerca de 150 professores, e o protesto na abertura da Festa do Bode, ontem. “O movimento está demonstrando unidade e força de que não aceita a esmola de 3% de reajuste oferecido pelo Governo do Estado”, diz.
A mobilização dos professores, técnicos-administrativos e estudantes continua hoje, com caminhada e panfletagem no centro da cidade (concentração na Catedral de Santa Luzia, às 9h). Outros atos públicos e atividades estão sendo organizados a fim de chamar atenção da sociedade de Mossoró e região para as dificuldades da Uern.
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