Uma versão, que já circula entre militares, dá conta de um resumo do relatório do Ministério da Defesa sobre o processo eletrônico de votação a ser apresentado nesta quarta-feira. Nesta versão, não se aponta fraude ou ilicitude. O relatório, porém, atesta “inconsistências” de algumas urnas. Esta constatação, que costuma ocorrer em todas as eleições, não tem significado estatístico, mas deixa brecha para os manifestantes que permanecem nas ruas – além do próprio presidente da República – se agarrarem ao discurso de que houve irregularidade.
O relatório, que, por determinação do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, deveria ter sido publicado depois do primeiro turno, foi adiado para o segundo a pedido do presidente da República. Sua divulgação deveria colocar um ponto final numa história permeada de equívocos, a começar pela inclusão das Forças Armadas na comissão do TSE de acompanhamento do processo eleitoral, mas Jair Bolsonaro pretende, com este documento, manter acesa a chama da contestação do resultado eleitoral.
Na entrevista que deu na tarde desta terça-feira, o presidente do seu partido, Valdemar Costa Neto, evitou falar em reconhecimento do resultado, apesar de ter declarado que o PL está na oposição e que Bolsonaro é o candidato do partido em 2026 à Presidência da República. O comportamento visa a reengajar os manifestantes que permanecem nas ruas mais pela defesa de intervenção militar do que em apoio a Bolsonaro.
O Tribunal de Contas da União divulgou (TCE) nesta terça relatório, feito a partir do trabalho de 54 auditores em todo o país que comparou os resultados impressos de boletins de 601 urnas eletrônicas com a votação divulgada pelo TSE. Todos os números bateram. Dos boletins que o TCU se dispôs a analisar, apenas três não puderam ser checados porque as informações não estão disponíveis no site do TSE.
Valor Econômico