O líder da minoria, senador Jean (PT-RN), afirmou nesta quinta-feira (7), na CPI da Covid, que o país precisa investigar o sistema de saúde privado.
“Nós vimos aqui relatos alarmantes que colocam em dúvida nosso sistema de saúde suplementar. Essas histórias escabrosas que nós ouvimos hoje podem ser apenas a ponta de um iceberg, com um grande contingente de afetados por práticas médicas antiéticas e políticas empresariais agressivas que tratam a saúde do cliente, do cidadão como um obstáculo para a manutenção das suas receitas”, afirmou.
“Cabe a este Senado Federal, a partir dos escombros desse desastre humanitário, fortalecer as instâncias de controle pra assegurar que essa ignomínia, ou todas essas ignomínias que ouvimos aqui, hoje e antes, não se repitam”, completou o senador.
Nesta quinta (7), na comissão, o advogado Tadeu Frederico de Andrade declarou que médicos da operadora do plano de saúde usaram o prontuário de outra paciente para tentar convencer a família dele a tirá-lo da UTI e enviá-lo aos cuidados paliativos.
“Meu óbito ocorreria em poucos dias. Seria ministrada em mim uma bomba de morfina, e todos os meus equipamentos de sobrevivência na UTI seriam desligados. Inclusive, se eu tivesse alguma parada cardíaca, teria recomendação para não haver reanimação”, denunciou o advogado.
O Senador Jean argumentou que é desonesto fazer com que pacientes assinem, em um momento de pressão, um termo de compromisso sem explicações dos riscos envolvidos. “É difícil a pessoa ter plena consciência numa hora dessas. O ponto não é se assina ou não assina, o ponto é que a Justiça não deverá levar em conta esses documentos, porque são documentos feitos simplesmente na pressão de uma situação de vida e morte”, criticou.
Conselho Federal de Medicina
O senador Jean lamentou que a representação médica no pais deixou de ser uma instituição representativas de classe e virou um balcão governista. “Está mais do que provado que o argumento da suposta autonomia do médico não existe, é uma quimera. Em alguns casos, como o relatado hoje (quinta), claramente o profissional médico era coagido a receitar medicamentos sem eficácia, desprovidos de qualquer suporte de quem devia protegê-los”, disse.
“Até hoje, com mais de ano e meio de pandemia, não houve, por parte do CFM, uma condenação inequívoca do uso de vermífugos e outros medicamentos inadequados para o tratamento da covid-19. A omissão do conselho e dos conselhos regionais terão consequências duradouras. Viola-se a confiança que naturalmente deveria existir entre paciente e médico”, completou Jean.