Acidentes graves com álcool cresceram 40% na pandemia; especialista orienta como agir em caso de queimadura
Instituído como Junho Laranja, este mês das festas juninas, que conta com queima de fogueiras e fogos, é dedicado a ações de prevenção de queimaduras. De acordo com a Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ), esse tipo de acidente é responsável por cerca de 150 mil internações por ano no País. Com a pandemia do novo coronavírus, a população se deparou com mais fatores que podem provocar acidentes domésticos, que segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cresceram 30%. Já as internações por queimaduras por álcool, que passou a ser usado com mais frequência, chegaram a crescer 40%, segundo a SBQ.
Diante dessa nova realidade, a dermatologista do Sistema Hapvida, Marcela Vidal, informa que a causa mais comum desses acidentes é por líquidos quentes que são aquecidos em fogão e recomenda cuidados redobrados. “É preciso intensificar os cuidados devido ao acesso ao álcool, principalmente o álcool líquido, que é mais inflamável e se espalha mais facilmente pela pele. Deve-se ter o cuidado de não se aproximar de chamas logo após a aplicação de álcool em gel ou líquido. E cuidado com a circulação de crianças nas cozinhas que é onde os acidentes mais acontecem”, orienta.
Se apesar dos cuidados ainda assim se deparar com uma queimadura, Marcela Vidal orienta que nos casos de queimaduras de primeiro (o local fica vermelho) e de segundo grau (forma bolhas e a ferida é mais úmida) a recomendação é lavar o local com água para que haja resfriamento da pele.
“Não é recomendado colocar gelo diretamente, pois ele pode queimar se permanecer por muito tempo em contato. O ideal é água gelada. Se a ferida tiver resíduos pode usar um sabonete neutro para higienizar. Não deve romper as bolhas em casa. O ideal é procurar um médico”, aconselha a dermatologista, acrescentando que pomadas de antibiótico podem ser aplicadas para diminuir a chance de infecção. Mas devem ser prescritas pelo médico.
Já nas queimaduras de terceiro grau, o tratamento é hospitalar e em alguns casos são necessários reconstrução cirúrgica da área afetada, já que podem atingir camadas mais profundas como músculos e ossos.
Nota de alerta – Prevenção de queimaduras em tempos de covid-19 foi tema da nota de alerta lançada pelo Departamento Científico de Segurança da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Na publicação, os pediatras chamam atenção para o aumento da incidência de queimaduras durante este período de isolamento social, em especial aquelas relacionadas ao uso de álcool. Confira as dicas para evitar acidentes:
Prevenção de queimaduras térmicas
• Permanecer em casa e treinar com as crianças a lavagem correta de mãos com água e sabão, reservando o uso do álcool em gel para quando estiver na rua;
• Evitar usar álcool para limpeza doméstica habitual. Hipoclorito de sódio é um desinfetante de superfície eficaz contra o coronavírus;
• Não segurar e nem manusear líquidos quentes com uma criança no colo;
• Não deixar copos com líquidos quentes próximos de bebês;
• Materiais quentes devem ser colocados no centro da mesa, distante da criança, observando o tamanho da toalha, para evitar que possa ser puxada pela criança;
• Mantenha crianças longe de aquecedores, lareira, fogueira e fogos de artifício;
• Manter o ferro de passar roupa fora do alcance e nunca deixar o ferro esfriar no chão.