A revista ISTOÉ revelou que na tarde da terça-feira 15, os parlamentares voltaram ao Congresso depois de uma longa folga embalada pelos jogos da Copa do Mundo. A pauta do dia era a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), convenientemente boicotada pela base aliada, que usou o adiamento para negociar com o governo mais verbas para suas bases eleitorais. Para a surpresa dos aliados, o DEM, presidido pelo fervoroso senador oposicionista José Agripino Maia, mandou emissários para a mesa de negociação com o governo. Em conversa a portas fechadas, os líderes do partido de oposição celebraram um acordo com o ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, bom para ambas as partes: o governo se comprometeu a liberar emendas individuais dos parlamentares do DEM em troca do apoio da sigla à votação da LDO e do abrandamento do discurso em relação à CPI da Petrobras, que aos poucos vai morrendo graças à falta de tempo e de interesse dos congressistas envolvidos no debate eleitoral.
O que explica a insólita negociação é o estado de penúria do partido. Os parlamentares que concorrem à reeleição reclamam da grande dificuldade para captar doações e da escassez de recursos do fundo partidário. Em 2002, o partido ficava com 19,6% – R$ 16,3 milhões ou quase um quinto – de todo montante distribuído a 29 legendas. Agora, o DEM tem direito a menos de 3% desse total. Para piorar, o tesoureiro do DEM, Romero Azevedo, não tem sido bem-sucedido nas reuniões com os empresários. Setores como o agronegócio, bancos e empreiteiras, que antes financiavam o partido, acompanharam grandes nomes que abandonaram a sigla em 2011, rumo ao PSD. Três anos depois, o DEM se prepara para a campanha mais austera de sua história e o PSD ganhou o título de “partido dos ricos”. Saulo Queiroz – secretário-geral do PSD e ex-tesoureiro do PFL – lembra os tempos áureos da legenda. De acordo com Queiroz, a arrecadação é proporcional à perspectiva de poder das legendas. “O partido era próspero quando eu era o tesoureiro. Eu sou um cara bom para fazer dinheiro”, provoca.
Por isso a negociação com o governo tornou-se tão conveniente. As emendas parlamentares não deixam de ser um importante ativo em ano eleitoral. Com os recursos das emendas, o deputado pode agradar suas bases por meio de obras e eventos. Essas ações normalmente são revertidas em votos na urna eletrônica durante a eleição. Não deixa de ser um alento para quem está com um problema crônico de caixa. Nem que a solução seja mandar às favas as convicções ideológicas.