GRANDES HERBÍVOROS, COMO A PREGUIÇA GIGANTE, ‘TRANSPORTAVAM’ NUTRIENTES.
ESTUDO SUGERE QUE FIM DE ANIMAIS AJUDOU A REDUZIR MINERAIS NO SOLO.
Na foto acima, Ilustração mostra como seria o gliptodonte, ‘parente’ do tatu que chegava a medir 3 metros; extinção de espécie pode ter ajudado a empobrecer solo da Amazônia (Foto: Pavel Riha/Wikicommons)
Uma pesquisa realizada pela Universidade de Oxford, na Grã-Bretanha, e pela Universidade Princeton, dos Estados Unidos, afirma que a extinção de grandes animais há cerca de 12 mil anos, principalmente herbívoros, pode ter contribuído para que o solo de vastas regiões da Amazônia perdesse nutrientes e ficasse mais “pobre” em fósforo do que era no passado.
O estudo foi publicado neste domingo (11), no site da revista “Nature Geoscience”. Análises sobre a influência da extinção da megafauna na bioquímica do solo de florestas, cerrados e outras áreas até agora haviam sido pouco representativas, afirmam os cientistas.
Eles dizem que animais como o gliptodonte (“parente” dos tatus que chegava a medir até 3 metros de comprimento) e a preguiça-gigante, que foram extintos, faziam o transporte “lateral” de nutrientes. Fósforo e outros elementos eram espalhados através das fezes, de restos de alimentos e dos cadáveres destes seres, diz o estudo.
Um modelo matemático criado pelos pesquisadores analisa o transporte “lateral” como método de difusão de substâncias. “Demonstramos que grandes animais tinham um papel essencial na transferência de nutrientes em áreas extensas”, ressaltam os cientistas, na pesquisa.
O efeito da extinção das espécies na Floresta Amazônica, principalmente na região leste, foi a redução do fluxo “lateral” de fósforo em mais de 98%, estimam os pesquisadores. Casos semelhantes podem ter ocorrido na Ásia, Europa e Austrália, mas com efeitos menores, afirma o estudo.
“A atual limitação do fósforo disponível em certas regiões da Amazônia pode ser parcialmente a ‘herança’ de um ecossistema sem a conexão funcional que teve no passado”, ponderam os pesquisadores, no texto publicado pela “Nature Geoscience”.
Fonte: Do G1, em São Paulo