Segundo o músico caraubense Raimundo Expedito de Medeiros, conhecido como Raimundo Putinho, responsável pelos dados a seguir, sua vida tem sido marcada no meio artístico musical, onde compôs diversas músicas e formou alguns conjuntos, entre eles: Wikings, Os D’Mais, O Trevo, Santarém e o Shy-Ray. Neste artigo veremos uma breve história de mais um dos seus investimentos, o Novo Som.
Em 1980, quando Raimundo Expedito adquiriu novos equipamentos de som, convidou seu saudoso irmão, o baixista Dorian Sérgio de Medeiros, então funcionário da extinta Loja Disco-Fitas, em Mossoró, para juntos formarem uma banda-baile com a qual atenderiam contratos em Mossoró e região.
Com sede na rua Marechal Deodoro, nº 731, bairro Paredões, O Novo Som teve como primeiros integrantes: (1) Carlos Negruta – voz, (3) Francisco Lopes de Holanda (Maninho) – baixo, (4) Carlos Antônio de Medeiros, (Carrita) – teclado elétrico (irmão dos proprietários), (5) Francisco Canindé dos Santos (Neguinho) – guitarra, Manoel Plaplá – baterista, Novo – órgão elétrico. Posteriormente outros passaram pela banda em pauta, foram eles: Gilvan – guitarra, (2) Gonzaga – bateria e (6) Cabral – percussão. O nome deste conjunto foi dado por Raimundo Putinho, pois, ao lembrar-se das várias bandas que formou e das que participou, entendeu que nesta fase seria um tempo de “Novo Som”. A coordenação musical ficava a cargo dos irmãos Raimundo e Dorian.
Com repertório eclético, contendo músicas de Renato e Seus Blue Caps, Fevers, Pholhas, Trepidant’s, Beatles, Santana, Alceu Valença, Elton John, Roberto Carlos, Tim Maia, Luiz Gonzaga, entre outros, estrearam numa matinê dançante ocorrida no Serviço Social do Comércio (Sesc), onde posteriormente tocaram muitas outras festas. Outros locais que apresentaram o que havia de “novo”: BNB Clube, Clube ACEU, AABB, ACDP, nas Rádios locais: Difusora, Rural e Tapuyo, Ginásio Municipal de Mossoró, bem como em várias outras escolas deste município. Nas cidades potiguares: Apodi, Pau dos Ferros, Umarizal, Grossos, Areia Branca, Tibau, Upanema, Felipe Guerra, Açu, Baraúna, Patu, entre outras. Na Paraíba: Sousa, Patos e Catolé do Rocha. Ceará: Aracati, Icapuí e Limoeiro do Norte, nesta, o grupo esteve tocando durante um mês. Como não tinham transporte, os irmãos Medeiros fretavam a Kombi de Manequinho para o grupo viajar.
Com repertório bem ensaiado, atualizado e bem executado, o Novo Som atendeu a muitos contratos, por isso, foi chamado para acompanhar o cantor brega Bartô Galeno, em uma turnê de nove apresentações no Rio Grande do Norte. Das inúmeras músicas executadas pelo Novo Som, a mais executada e que mexeu com as emoções de Putinho foi: Morena Tropicana, de Alceu Valença.
Uma prática comum entre os grupos musicais é quando um conjunto tem a necessidade de um músico, contratá-lo para tocar determinado instrumento. Então, o incentivo para mudar de banda é propor o valor do cachê mais alto do que o atual. Neste sentido, em 1980, quando Os Bárbaros estava a migrar para passar uma temporada em Brasília, o saudoso Albecir Almeida, um dos proprietários dos Bárbaros, propôs a Gonzaga, baterista do Novo Som, seguir com seu conjunto. Quando Gonzaga foi avisar a Raimundo Putinho que recebera o convite e que tinha sido convencido ser a capital federal um melhor campo de trabalho, Raimundo aumentou seu salário e orientou-o a enviar uma foto do baterista para Albecir que resolveria o problema dele. Com “espírito brincalhão”, Gonzaga assim o fez, enviou uma foto sua e uma carta rejeitando o convite, lembrou Raimundo.
Fonte: Jornal O Mossoroense
Em 1986, os irmãos Medeiros alugaram o Clube Arrastapé, de Cezildo Câmara, e mudaram o nome desta casa para Balancê. Por isto, passaram a se dedicar ao novo investimento contratando artistas para se apresentarem neste recinto. Em virtude disto, relaxaram na administração do conjunto, que, sem coordenação, os músicos foram saindo e, naquele ano foi desfeito o Novo Som.
Marcos Batista – Músico da Banda Artur Paraguai, professor de Música da Escola de Artes e especialista em educação musical.