FAFÁ ROSADO TENTA SOBREVIDA POLÍTICA SEM PREFEITURA

Ex-prefeita encontra portas fechadas no DEM e PMDB e poderá pegar um atalho com PR de João Maia

Fafá e Leonardo: João Maia é uma saída com seu PR (Foto Blog de Thaisa Galvão)

A ex-prefeita de direito de Mossoró Fátima Rosado (DEM), a “Fafá”, está com um pé no PR. As portas estão abertas. O presidente da sigla no Rio Grande do Norte, deputado federal João Maia, não esconde entusiasmo nem se furta de colocá-la à vontade para definir quando quer fazer o registro.

A ex-prefeita recebeu-o em sua mansão no bairro Santo Antônio em Mossoró, na sexta-feira (26), em jantar com a presença de outros convidados, como o secretário estadual do Turismo Renato Fernandes e empresária Ceiça Praxedes, casal dirigente da sigla em Mossoró.

Fafá e seu esquema tentam sobrevida e maior longevidade na atividade política, pós-Prefeitura de Mossoró.

O PR não é uma opção, mas um atalho, depois que ela costurou meios até aqui frustrados para se viabilizar no PMDB e no próprio DEM, como postulante à Câmara Federal nas eleições do próximo ano.

Historicamente, Fafá tinha laços com o PMDB, pelo qual foi candidata pela primeira vez a prefeito em 2000, ainda sob a batuta da hoje deputada federal Sandra Rosado (PSB).

Sandra

Mas em 2002, ela rompeu com a prima Sandra e o PMDB, saltando no PFL (hoje, DEM), de onde foi catapultada duas vezes à prefeitura e seu marido Leonardo Nogueira (DEM) para dois mandatos à Assembleia Legislativa. Tudo sob as bençãos da sua adversária de 2000, Rosalba Ciarlini (DEM), ex-prefeita por três vezes de Mossoró e atual governadora do Estado.

Fafá e seu agrupamento familiar querem mais.

Procuram manutenção de espaço na Assembleia Legislativa e vaga na Câmara Federal. Esses são seus sonhos.

A ex-prefeita não recebeu sinal verde do senador-ministro Garibaldi Filho (PMDB) para migrar do DEM para o partido. Desencorajou-a até, insinuando que seria mais justo que ficasse no DEM, a quem ela “devia muito”.

No DEM, o senador José Agripino (DEM) também não lançou ponte para Fafá ser candidata preferencial à Câmara Federal. Outro desapontamento para ela.

O deputado federal Felipe Maia (DEM), filho de José Agripino, é candidato preferencial à reeleição em 2014, mas oscila com possibilidade de retornar à vida empresarial. Aí Fafá e seu esquema cresceram os olhos, acreditando que a ex-prefeita seria o nome do partido para substitui-lo.

Felipe Maia deve ser mesmo candidato à reeleição. Sem ele, outro nome pensado como candidato em 2014 é do ex-prefeito de Pau dos Ferros Leonardo Rêgo (DEM), atual secretário estadual de Recursos Hídricos. Fafá, pois, estaria no rabo da fila, com chances remotíssimas de eleição.

É preciso lembrar que nesse enredo carregado de interesses, conflitos e frustrações, ainda existe o nome do atual deputado federal e ex-secretário da Agricultura do Estado Betinho Rosado (DEM), cunhado de Rosalba.

Recordações

Betinho foi prejudicado por Fafá

Ele deverá tentar se manter na Câmara Federal e Mossoró é seu principal colégio eleitoral. Betinho, a propósito, não tem boas recordações da prima Fafá na prefeitura em suas campanhas.

Candidato, com ela na prefeitura, sempre teve apoio meia-boca. Em 2010, por exemplo, a prefeitura foi aparelhada para dar votos a Rosy de Sousa (PV), irmã da então prefeita natalense Micarla de Sousa (PV), concorrente à Câmara Federal.

Um terceiro nome Rosado candidato a deputado federal, em 2014, pode causar sérios prejuízos ao clã Rosado. Dividido, é pouco provável que o trio possa se eleger, ou seja, Betinho, Sandra Rosado e Fafá Rosado. Fafá, claramente, com menores chances, numa avaliação feita agora e se observando um cenário repleto de dificuldades.

A peleja de Fafá é extremamente difícil e arriscada. Tem outro agravante.

A atual prefeita apoiada por Fafá, Cláudia Regina (DEM), priorizará a reeleição de Felipe Maia (DEM). Seu “compadre” José Agripino já contou com sua boa articulação e força de trabalho na primeira campanha de Felipe em 2006, quando coordenou conquista de votos para ele em Mossoró.

O caso, inclusive, gerou uma queixa de Rosalba e do seu marido Carlos Augusto Rosado (DEM), até hoje engolida à força, desiludidos porque Cláudia não apoiara Betinho (irmão de Carlos).

Esse era o principal argumento que os dois usavam para o desinteresse pela postulação de Cláudia à Prefeitura de Mossoró no ano passado. Só a engoliram porque não conseguiram viabilizar Ruth Ciarlini (DEM), vice-prefeita e irmã de Rosalba, à sucessão de Fafá Rosado.

Há considerável possibilidade que Fafá termine por fazer um “arranjo” dentro de sua própria casa. Mesmo inscrita no PR, é remota suas chances de ser candidata e de ser eleita.

A saída mais razoável, numa leitura fria dos fatos e conjuntura, é que seja candidata a deputado estadual, em substituição ao marido Leonardo Nogueira. O terceiro mandato consecutivo do parlamentar deve ser ainda mais difícil do que a reeleição em 2010, quando tinha a mulher na prefeitura.

Fafá não está acabada para a política. Tem carisma pessoal, é um nome  leve. Mas tem diante de si uma missão hercúlea. Com a prefeitura nas mãos não conseguiu implementar o elementar para quem aspira ser líder: criar um grupo próprio, com luz própria e força própria.

Sem a prefeitura e com sequelas de uma convivência difícil com o sistema de Rosalba e Carlos, essa sobrevida é muito complicada. Bastante complicada.

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