DESTA VEZ, O BOPE FICARÁ NO QUARTEL.

Tropa de elite da PM e Batalhão de Choque decidem não aderir a manifestações, mas orientação dos grevistas é para não reprimir protestos e cruzar os braços.
É pouco provável que a greve dos policiais do Rio, prevista para a sexta-feira, reproduza a situação de descontrole que mergulhou Salvador em uma onda de banditismo na última semana. Mas o governo do estado tem razões para se preocupar. A partir da quinta-feira à noite, a Secretaria de Segurança não poderá lançar mão do Batalhão de Operações Especiais (Bope) nem do Batalhão de Choque (BPChoque) para contornar transtornos causados pela mobilização.

No ano passado, o Bope foi usado para retomar o controle do Quartel Central do Corpo de Bombeiros, quando manifestantes invadiram o prédio. Os homens de preto que gozam de prestígio com a população não vão aderir a passeatas ou atos públicos. Em vez disso, ficarão aquartelados. A partir das 8h de sexta-feira, policiais do Bope que estiverem deixando o serviço ficarão na unidade. E quem estiver fora do quartel vai se apresentar espontaneamente.

“Somos simpáticos à manifestação mas não vamos às ruas. Caso haja alguma ocorrência envolvendo reféns, fechamento de vias, ataques a favelas, ou seja, nosso serviço de fato, sairemos com certeza. Mas não sairemos para fazer patrulhamento ostensivo, que é o que o comandante geral quer que façamos”, afirmou ao site de VEJA um oficial do Bope.

No Batalhão de Choque, a orientação dos grevistas é para não haver repressão a manifestações das três categorias. “Nossa participação vai ser cruzar os braços, ficando no batalhão”, diz um policial do BPChoque.

Nas delegacias de Polícia Civil, o plano dos grevistas é iniciar uma espécie de operação padrão. Serão registrados casos graves e roubos e furtos de automóveis. Prisões só serão feitas em casos de flagrante – ou seja, em acusados de crime capturados por PMs e levados para a delegacia.

Os bombeiros, calejados com a experiência da manifestação do ano passado, farão de tudo para evitar um desgaste com a opinião pública. Uma das ações cogitadas foi a de interromper o recolhimento de cadáveres, mas em discussões internas ficou claro que isso seria condenar o movimento, com a população inevitavelmente revoltada.

A convocação está sendo mais cuidadosa que em outras ocasiões. O Sindicado dos Funcionários da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro emitiu um comunicado pedindo aos policiais para comparecerem desarmados e pacificamente ao ato na assembleia.
(Com reportagem de Leslie Leitão e Cecília Ritto)

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