Debater o uso de entorpecentes no Rio Grande do Norte e a criação de uma rede de prevenção e atendimento ao usuário. Esse foi o objetivo do Seminário Estadual de Combate às Drogas, realizado nesta quinta-feira (18), no Plenarinho da Assembleia Legislativa. O evento, promovido pela Comissão de Políticas Públicas de Combate às Drogas (Cedroga) da Câmara Federal, foi uma proposição do deputado Fábio Faria. Estiveram presentes o vice-governador Robinson Faria, os deputados federais Henrique Eduardo Alves, Sandra Rosado, Paulo Wagner e Romário e representantes de diversos órgãos e entidades que trabalham no combate à dependência química.
No seminário foram abordados quatro eixos temáticos: Prevenção, Acolhimento e Tratamento, Ressocialização e Repressão ao Tráfico. Durante a solenidade de abertura, Fábio Faria agradeceu a presença de todos e lembrou a importância de se estabelecer um diálogo sobre o tema no Brasil. “Estamos aqui pra discutir com povo norte-riograndense, com as autoridades, porque a criação de políticas públicas contra as drogas deve ser a prioridade número um do país no momento. E esse trabalho precisa urgentemente ser iniciado”.
Abrindo os trabalhos, a coordenadora do Programa de Combate às Drogas do Município, Edineuza Paiva, apresentou o painel “Educação e esporte como instrumentos de prevenção”. A gestora afirmou que é importante trabalhar na prevenção principalmente junto ao público juvenil que, pela falta de experiência, acaba sendo o mais vulnerável ao vício. “A educação é primordial. É preciso oferecer uma educação de qualidade, esportes, auxilio às famílias, pra que elas tenham condições de dar suporte emocional a seus filhos e assim formarmos uma sociedade cidadã”, ressaltou Edineuza Paiva, que lembrou que o esporte é uma importante ferramenta de inclusão social.
O diretor de Inteligência do Denarc/SP, delegado Clemente Calvo Castilhone Júnior, falou sobre estratégias de combate ao tráfico. “Procuramos otimizar o trabalho e trabalhamos com todas as ferramentas de inteligência. E ainda sim, o tempo de prisão para esse tipo de crime ainda é muito baixo, o traficante fica pouco tempo encarcerado. Por isso trabalhar a prevenção ainda é essencial, e viajamos pelo interior do Estado fazendo palestras nas escolas”, afirmou. Ele apresentou um número alarmante: estima-se que mais de um milhão de pessoas consumam o crack, apenas uma das drogas mais agressivas e baratas para o usuário.
“Acolhimento: Como tratamos o usuário de drogas no RN?” foi o tema do painel apresentado pelo coordenador do Programa de Saúde Mental da Secretaria Estadual de Saúde, Adriano Araújo. Ele afirmou que a rede que vem sendo pensada pelo Estado visa a singularidade de cada usuário, que deve ser tratado juntamente com sua família e o círculo social ao qual pertence. “Entendemos que um tratamento eficaz seja um tratamento integral, no local em que ele convive. A ideia é que consigamos expandir nossa rede, implantar novas unidades, integrar a rede e melhorar os serviços.”
O Coordenador explicou que o plano é que cada região do RN conte com um Caps-AD (direcionado a dependentes de álcool e drogas), uma casa de acolhimento transitório, um posto de Estratégia Saúde da Família e leitos de atenção nas unidades hospitalares para os dependentes químicos. “Após o debate de hoje, vamos começar a mapear a rede do Estado para identificar as necessidades de cada localidade e trabalhar nessa demanda”, completou Adriano Araújo.
O secretário de Promoção da Paz de Alagoas, Jardel Aderico, foi convidado para falar sobre a experiência do Estado no enfrentamento às drogas. “Há dois anos a realidade alagoana era de criminalidade e violência, e a grande parte das ocorrências tinha relação com o tráfico e uso de drogas. Notamos que atender ao dependente químico não se tratava apenas de uma questão de saúde, mas também de afastá-lo do ambiente de violência. Identificamos então a importância das comunidades terapêuticas nesse afastamento do usuário do traficante e do mundo da criminalidade e a Secretaria de Paz de Alagoas foi criada justamente para gerenciar essa rede de acolhimento, que conta com 30 comunidades, que atendem cerca de três mil pessoas por ano”, contou o secretário.
O procurador de justiça João Vicente Silva representou o Ministério Público no debate. “Defendemos que se não houver união e vontade política de resolver o problema, não pode ser possível mudarmos essa realidade. Devemos planejar e agir com eficiência, uma vez que se trata de um assunto multidisciplinar, que envolve várias áreas”.
O vice-governador Robinson Faria afirmou que o governo estuda a criação de uma secretaria de combate à droga. “A governadora Rosalba Ciarlini está estudando o projeto com muito carinho, pois sabemos da necessidade de atender a demanda no Estado e estamos dispostos a iniciar essa luta”.
Encerrando o Seminário, o deputado Romário, que faz parte da Cedroga, afirmou que o esporte é uma das maiores ferramentas para crianças e jovens deixarem as drogas. “Eu cresci numa comunidade violenta, perdi muitos amigos, mas tive a sorte de ser resgatado pelo futebol. Eu acredito que a força do esporte transforma vidas, transforma pessoas”, declarou o ex-craque, que completou: “Temos que começar a tomar outras decisões no que se refere a essa luta. Todo Estado pode ter suas ações contra a droga, mas essas ações têm de ser pra ontem, isso não pode mais esperar. Porque um país que perde suas crianças para a droga, é um país que não pode contar com um futuro”.
Fotos: Valéria Costa
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