A migração entre regiões do país perdeu intensidade na última década e estados do Nordeste, além de reter população começaram a receber de volta os que deixaram seus estados rumo ao centro-sul do país. O Rio Grande do Norte, de acordo com o levantamento divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é o quinto Estado do país que recebeu de voltas seus imigrantes, no ano de 2009, com um percentual de retorno de 21,14% do total de pessoas que haviam ido embora.
Em toda a região Nordeste, o RN fica atrás somente de Pernambuco, que no mesmo período apresentou um índice de retorno de 23,61%. Para o sociólogo Vanderlei de Lima, a explicação para essa “migração invertida” seria a estabilidade econômica vivenciada pelo Estado atualmente.
“Nos últimos anos, a estabilidade do Estado tem contribuído para esse processo inverso de migração. O RN tem um grande potencial econômico, com atividades petrolíferas, agrícolas, o que gera oportunidade para as pessoas”, diz.
Os dados divulgados pelo IBGE mostram ainda que entre 1995 e 2000, período em que a região Nordeste apresentou as maiores perdas populacional, o RN obteve um equilíbrio entre entrada (imigração) e saída (emigração) da população, com um saldo migratório de mais de seis mil pessoas.
Segundo o Instituto, o novo comportamento de migração no RN se justifica, entre outros fatores, pelas reduções de deslocamentos da população em busca de trabalho e a fixação dos imigrantes em busca de uma melhor qualidade de vida, visão essa compartilhada pelo sociólogo Vanderlei de Lima.
“As chamadas grandes metrópoles estão saturadas e as pessoas ao se deslocarem para esses lugares geralmente se instalam na periferia, o que acaba comprometendo sua qualidade de vida. E para se conseguir emprego, não há mais a necessidade de emigrar para outros estados”, destaca o sociólogo.
O estudo do IBGE também considera que o crescimento das cidades com menos de 500 mil habitantes, conforme dados do Censo 2010, pode ser creditado em parte às migrações. O instituto chama o fenômeno, que vem ocorrendo nas últimas três décadas, de “desconcentração concentrada” na distribuição populacional no Brasil.
Os municípios com 500 mil habitantes ou mais aumentaram em quantidade quando comparados com o ano 2000, passando de 31 para 38. Entre as cidades com altas taxas de crescimento (8% do total), nenhuma possui mais de 500 mil habitantes.