Educador defende a pedagogia da vida cotidiana como forma de impulsionar o aprendizado

Educar não é meramente comunicar algo já pronto, impondo conteúdos. É discorrer, compartilhar, observar, enfim, construir o conhecimento a partir do aluno e com ele, considerando suas referências, experiências e anseios. A avaliação é do educador espanhol César Muñoz Jiménez, da Universidade Ramón Llull, de Barcelona, que esteve no Brasil para participar de um evento sobre educação integral, realizado recentemente em São Paulo.
Defensor da pedagogia da vida cotidiana, Munõz aponta a união entre o espaço do dia a dia e a reflexão como o caminho para o desenvolvimento de uma educação participativa, que valoriza o sentir e pensar de cada um.
Para ele, o cotidiano é um lugar privilegiado onde acontecem as transformações. Ou seja, são nos pequenos atos diários, triviais da vida, que estão as informações que servirão de subsídios para impulsionar o processo ensino-aprendizagem. Os grandes momentos da vida são pontos isolados, que não acontecem sempre, por isso é importante valorizar, o pequeno, o agora. “Seria bom, mas não dá para ter um filho por dia, um grande amor por dia, uma viagem por dia. Por isso, a paixão tem que estar nos acontecimentos cotidianos, nas coisas simples que, para muitos, passam até despercebidas”, diz o educador.
Ele destaca que é importante ‘abrir-se ao outro’, favorecendo essa conexão com mundo. “Tudo e todos à nossa volta são fontes de ensinamentos. É preciso ter os olhos e os ouvidos abertos para isso”, afirma. “A matéria-prima de um carpinteiro, por exemplo, é a madeira. E a do educador? Qual seria?, questiona.
Muitas poderiam ser as respostas para essa pergunta, esclarece Muñoz, mas a seu ver a mais importante talvez seja entender que a “matéria-prima da pedagogia consiste no ‘aprender o outro em contraste com o eu’, numa troca contínua.” Para ele, grande parte da riqueza proveniente dessa relação, no entanto, acaba sendo desperdiçada pois o ser humano não costuma prestar atenção no viver de outras pessoas e nem em seu próprio cotidiano “É como viver em São Paulo e não conhecer a cidade. Precisamos nos conectar ao que está ao nosso redor, no dia a dia, e assim concretizar esses momentos”, diz
Neste período em que a questão da educação integral vem sendo tão amplamente discutida no País, Muñoz ressalta a importância dos educadores enxergarem, mais do que nunca, o aluno como um ser total, completo, que precisa ser ouvido e estimulado em suas potencialidades.
Para ele, não dá para atuar de forma inocente, como se cada ação não gerasse uma reação, que por vezes pode ser até contrária ao que se está tentando realizar. É por isso que o compartilhar e o ouvir são tão necessários. “Acredito no trabalho ‘com o outro’ e não apenas ‘para o outro’; em propostas que unam os parâmetros dos adultos com os das crianças e jovens; na educação que fortalece participação como um processo contínuo”, diz Muñoz, que complementa: “Há um grande erro em achar que as crianças não são capazes de elaborar e colocar em ação uma ideia ou mesmo um projeto. Entretanto, muitos dos trabalhos que já realizei com os alunos provam justamente o contrário. Mostrem a essas crianças que elas fazem parte de algo e que são capazes, e se surpreenderão com os resultados”, finaliza.
Por Cleide Quinália / Blog Educação

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