RN: 509 anos de história esquecida

O Rio Grande do Norte comemora hoje 509 anos de fundação em meio ao desconhecimento dos potiguares sobre sua história. A data foi instituída pela lei 7.831 de 31 de maio de 2000, de autoria do deputado Valério Mesquita, num reconhecimento e alusão à chantadura do Marco de Touros, no dia 7 de agosto de 1501. No entanto, uma década depois à criação, a data continua a ser ignorada.

Comemorações contaram com a participação de bandas e fanfarras, na Praça da Bandeira, no Centro Administrativo, reunindo estudantes

Um evento realizado na manhã de ontem, dia 6, na Praça da Bandeira, no Centro Administrativo, reuniu estudantes e professores de diversas escolas, para apresentação de bandas de fanfarras e homenagens às 25 escolas que conseguiram bom desempenho no Índice de Desenvolvimento da Educação brasileira (Ideb). Além dos educadores, o governador Iberê Ferreira de Souza, o secretário de Educação Otávio Tavares, dentre outras autoridades, participaram do evento e destacaram ações como a distribuição de cartilha sobre o hino, bandeira e brasão do Estado. “Buscamos resgatar e fortalecer a identidade do Estado, que é construída na coletividade”, destacou Tavares.

Embora fardados e saudando à bandeira, muitos estudantes do ensino fundamental e médio admitem desconhecer por completo, não só a data, mas informações acerca dos símbolos e do ato fundador. “Nunca vi isso na escola”, garante a estudante do 2º ano do colégio Atheneu, Dalianny Mirelle Ribeiro Soares. “Só no próximo semestre, que a gente vai ver história do RN. Porque neste não tem essa matéria”, acrescentou Gabriela Ferreira, 15, aluna do 1º ano da Escola Estadual Judith Bezerra, em Lagoa Nova.

Forte dos reis magos

Há cerca de quatro anos e de forma parcial, a disciplina foi incluída na grade curricular das escolas públicas da rede estadual. Contudo, a memória e o desenvolvimento do Estado, ainda não ganharam espaço, tampouco interesse dos alunos. “Desde a 5º série que se fala no RN, mas é mais sobre os pontos turísticos, Forte dos Reis Magos, Capitania, mas não sei a data e nem como foi fundado”, garante Harlyson de Souza, da E. E. Professor Josefa Sampaio. Recuperar o conteúdo será importante para a participação em certames, observa a estudante Diana de Melo.

A diretora do Colégio Atheneu, Marcelle de Lucena critica a falta de publicações sobre a história do Rio Grande do Norte, apenas um livro adotado aborda o assunto. “A nossa história é contada sob enfoques, não é um conteúdo explorado de modo permanente”.

Para que se apropriem do conteúdo pertencente à nova grade curricular, o diretor da 1ª Dired José Fernandes, reconhece a necessidade de intensificar o ensino específico na rede, segregando-a de outras disciplinas. “O primeiro passo já foi dado e estamos aprimorando a caminhada”.

O pesquisador e diretor do Instituto Histórico e Geográfico, Enélio Petrovich lamentou a constatação. “Conhecer boa parte da história, dignifica e valoriza a criatura humana. São válidas quaisquer ações que traduzam ou signifiquem avanço no conhecimento da identidade”.

Acontecimentos como a fixação do marco e o interesse da expedição portuguesa pelo Estado, no ano seguinte ao descobrimento do país, na opinião do pesquisador, deveriam ser diretivas das escolas públicas. Publicações e comentários avulsos, lançados pelo IHG, são alternativas encontradas para reduzir esta carência de publicações.

Memória

O Marco foi instalado nos limites dos atuais municípios de Touros e Pedra Grande, na praia dos Marcos. A frota de três caravelas lideradas por André Gonçalves e Gaspar de Lemos, que contava ainda com a presença do cosmógrafo Américo Vespúcio, chegou até o litoral de Touros, e no solo potiguar encravou o Marco de Posse da terra brasileira – símbolo oficial do domínio de Portugal. Feito em pedra lioz, o marco de Touros apresenta, no primeiro terço, a Cruz da Ordem de Cristo e, abaixo, as armas do rei de Portugal. Ele foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Cultural.

 
Fonte:Tribuna do Norte

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