Garota de 16 anos espanca irmão de 8 até a morte

O garoto Daniel Vinícius Medina Machado, 8 anos, morreu após ser espancado por sua própria irmã na madrugada de quinta-feira (29) em Várzea Paulista. Era o dia de seu aniversário.

A adolescente F.M.M., 16, irritada com o barulho que o garoto fazia com brinquedos, o espancou e mandou que ele fosse dormir. Quinta-feira (29), pela manhã, ela tentou acordá-lo, em vão.

“Dei chutes e socos nele”, disse, em depoimento à polícia de Várzea. “Preciso de tratamento, pois bato até em mim mesmo.”

A menina já vinha espancando Daniel e colocava também seus quatro irmãos mais novos sob um regime de crueldade, que incluía redução na comida e até ordens para que comessem as próprias fezes, segundo a polícia.

“Ele [Daniel] aparecia com arranhões no rosto e dizia que era o gato que fez”, disse a mãe da vítima e da suspeita, Rosângela Medina, às lágrimas, na tarde de quinta-feira (29), na Delegacia de Várzea Paulista.

A adolescente também afirmou em depoimento que deixou o irmão aproximadamente dez dias sem comer.

”Poucas vezes, em 35 anos de profissão, vi um local e uma situação tão horríveis”, afirmou o delegado Alberto (que pediu para não ter o sobrenome divulgado).

Daniel estava com marcas de espancamento no corpo todo, nu e molhado, pois suas irmãs jogaram um balde de água nele quando perceberam que não respondia.

“Seu rosto estava desfigurado, uma cena difícil de ver”, declarou o policial militar Santos, que esteve na casa, no Jardim Satélite. “Não quis entrar no quarto para ver meu filho”, afirmou a mãe, que foi ao Hospital da Cidade pedir ajuda.

Rosângela diz que não ouviu barulho durante a noite, mas que já havia visto a filha batendo na criança. F. foi levada à Fundação Casa. Rosângela perdeu provisoriamente a guarda dos outros quatro filhos menores de idade, encaminhados à Casa Transitória, e foi classificada como “omissa” pelo delegado.

Menor de idade na delegacia

Psiquiatra aponta doença familiar

Para o psiquiatra e professor da Faculdade de Ciência Médicas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) Antonio Carvalho de Ávila Jacintho, um dos três itens que podem ter desencadeado essa tragédia é uma doença familiar.

“A família é afetada como um todo.” E a presença de um pai, que seria alcoólatra está incluída aí.

Os outros dois itens, segundo ele, são a negligência familiar (quando os pais deixam os filhos de lado) e a loucura individual da própria menina, “que, como outros adolescentes, pode achar que é capaz de tudo”.

Sobre anotações na agenda (veja abaixo), o psiquiatra cita Freud. “O homem é o lobo do homem”, para acrescentar que as coisas boas convivem com as ruins.

Garota descrevia toda a violência praticada em uma agenda

Menina anotava crueldades em agenda
Em algumas páginas de uma agenda de menina, F. anotava palavras sobre Jesus Cristo e a importância da religião. Em outras, narrava as punições que aplicava a seu irmão de 8 anos.

Em uma página, ela diz que o garoto ficaria “semana que vem sem comer comida” e que “novamente Daniel jantou sem minha ordem”.

A garota assumiu ao delegado que tinha o costume de relatar seu cotidiano na agenda, com as ordens que eram dadas a seus irmãos.

Em outra passagem, ela diz: “Número 190, alô, quero fazer uma denúncia. Um homem, na casa, que toda noite chega bêbado e agride a esposa e as filhas dele e as ameaça de morte”.

Ela se refere ao pai, Ivanildes Machado, que não foi encontrado pelo BOM DIA na delegacia e em sua casa, sendo descrito pelo delegado Alberto como alcoólatra.

Durante seu depoimento à polícia de Várzea Paulista, na tarde de quinta-feira (29), a adolescente estava nervosa, inquieta e não parava de mexer nas próprias unhas e repetir informações.

Fonte: Agencia BOM DIA

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